O Dodge Charger R/T (Road and Track, ou estrada e pista) foi lançado pela Chrysler, que acabara de chegar ao Brasil, em 1970. Na época, a gasolina era distinguida pela azul, equivalente à premium que conhecemos hoje, de maior octanagem, e a amarela, comum e mais barata.
Para isso, o alto consumo desses carros com seus poderosos motores V8 não era um problema. Por outro lado, tirar um esportivo desses na época custava caro. Só para se ter uma ideia, em 1978, um Dodge Charger R/T igual ao das fotos custava Cr$ 165.100. Fazendo atualização de preço pelo índice de inflação IGPM, a mesma unidade hoje custaria R$ 276.487,48.
Este lindo exemplar é do modelo 1978, o ano em que trouxe novidades como a adição da cor azul Capri no catálogo de cores. Está sendo oferecido pela L’art, loja especializada em carros raros e clássicos.
Devidamente preservado, o exemplar está no padrão original e em ótimo estado geral de conservação. Por dentro, não há manchas ou trincas no acabamento primoroso da época. O rádio original Chrysler não tem assistência do toca-fitas, mas está 100% operacional. O acabamento em madeira no painel de instrumentos e console dão um ar da elegância e sofisticação.
Por falar no painel, um detalhe que chama a atenção é o conta-giros posicionado ao centro; à esquerda, o velocímetro com escala de até 200 km/h; à direita, indicadores do nível de gasolina e da temperatura do motor e luzes indicadoras do freio de estacionamento, da pressão do óleo, farol alto e carga do alternador.
O valor pretendido pela loja é de R$ 290 mil, um modelo clássico e cada vez mais raro de ser encontrado hoje em dia, ainda mais em se tratando de uma unidade em perfeita condição, digna de coleção ou para ir aos principais encontros de carros clássicos do Brasil.
Curiosamente, este é quase exatamente o preço de uma Ram Rampage R/T zero-quilômetro (R$ 289.990). A picape da marca do carneiro, que um dia foi uma submarca da Dodge, herda o sobrenome do velho “Dojão” em sua versão de topo, também por conta do foco em esportividade. Não à toa, é a caminhonete mais potente produzida no Brasil.
Faz jus, assim, ao carro que um dia já foi o mais veloz à venda no Brasil. E já que voltamos a falar do Dodge Charger R/T, Autoesporte chegou a fazer uma reportagem em 1977, assinada pelo jornalista Paulo Celso Facin e pelo fotógrafo Saulo Mazzoni, com um exemplar idêntico ao que estampa este artigo.
Conforme a avaliação da época, o esportivo já chegou a receber o título de carro “mais rápido do Brasil”, perdendo para o Chevrolet Opala SS-6 com motor 250-S, em 1976. Mas para garantir pelo menos o segundo lugar, brigando com o Ford Maverick GT V8, a Chrysler trouxe um ânimo para a linha 1978 do Charger R/T.
O motor V8 5.2 (5.212 cm³) de 208 cv de potência e 42 kgfm de torque trazia nova calibração de carburador, a fim de melhorar as respostas e até o consumo de combustível do cupê. As marcas subiram de 4,8 km/l para 5,7 km/l nas “horas mais livres do trânsito urbano”, conforme descrevia a reportagem. Nas estradas, a marca subiu para 6,4 km/l na “vazão normal das correntes de tráfego” e para 7,8 km/l mantendo 80 km/h constantes.
Apesar da nova calibragem e da redução na taxa de compressão, o Charger R/T 1978 não perdeu o apetite pela velocidade. Na companhia de um câmbio manual de quatro marchas fixado no console, considerado uma referência na época, Facin registrou um 0 a 100 km/h de 10,6 segundos. Foi um ótimo número para a realidade da indústria na época.
Na disputa pela preferência do consumidor, a Chrysler incorporou à linha 1978 do cupê mudanças estéticas como faixas laterais redesenhadas e teto de vinil do tipo meia-capota — semelhante ao teto “Las Vegas” do Opala Comodoro e do Maverick LDO — eram as diferenças mais notórias. Outro detalhe era a ausência das falsas fileiras de tomadas de ar que deram um ar mais limpo ao conjunto.
Quem nasceu na década de 1970 certamente já assistiu ou pelo menos ouviu falar do filme brasileiro “Roberto Carlos a 300 km/h”, lançado no final de 1971. Foi o longa-metragem mais assistido daquele ano no Brasil.
O filme se concentra no jovem mecânico Lalo, interpretado por Roberto Carlos, que trabalha em uma concessionária da Chrysler e apaixonado por carros esportivos. O personagem sonha em ser como o seu patrão Rodolfo (Raul Cortez), um piloto experiente de corridas. O incentivo maior vem de seu “amigo de fé, seu irmão camarada” Pedro Navalha (Erasmo Carlos).
A trama, além de contar com vários esportivos e luxuosos da Chrysler, traz várias aventuras, cobiça, paixões e muita emoção numa das tramas de maior sucesso da história do cinema nacional brasileiro. É uma produção que marcou época tanto quanto o próprio Dodge Charger R/T.
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Fonte: direitonews