Em 2023, as comunidades indígenas do Brasil enfrentaram um aumento alarmante nas taxas de suicídio, violência e mortalidade infantil, conforme revela o mais recente relatório do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), divulgado nesta segunda-feira (22). O estudo destaca um aumento de 56% nos suicídios entre os indígenas, com 180 casos registrados no ano passado, em comparação com 115 em 2022.
A violência também subiu significativamente, com 208 indígenas assassinados em 2023, o que representa um aumento de 15,5% em relação ao ano anterior. A maioria dos assassinatos foi cometida com armas de fogo e, segundo o Cimi, alguns desses crimes estão ligados a grupos associados ao agronegócio. A falta de fiscalização eficaz e de demarcação de terras indígenas contribui para esse cenário de violência crescente.
O relatório aponta ainda um aumento na mortalidade infantil entre os indígenas, com 1.040 mortes de crianças menores de quatro anos devido a doenças e desnutrição, um aumento de 24,5% em relação a 2022. A crise na saúde é agravada pela falta de assistência médica, que levou à morte de 111 indígenas em 2023, quase três vezes o número registrado no ano anterior.
A crise humanitária se intensificou com a atividade de mineradores ilegais, que foram expulsos em janeiro de 2023 após poluírem rios com mercúrio, ameaçando a sobrevivência das comunidades. Além disso, a crise climática contribuiu para uma falta grave de saneamento e água potável, exacerbando as condições precárias nas regiões afetadas.
“O ano de 2023 iniciou com grandes expectativas em relação à política indigenista do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não apenas porque a nova gestão sucedeu um governo abertamente anti-indígena, mas também porque o tema assumiu centralidade nos discursos e anúncios feitos pelo novo mandatário desde a campanha eleitoral”, diz um trecho do relatório.
“Essa mudança foi simbolizada pela presença do cacique Raoni, histórica liderança Kayapó, na posse do presidente recém-eleito. A criação do inédito Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e a nomeação de lideranças indígenas para a chefia da nova pasta, da Funai – renomeada como Fundação Nacional dos Povos Indígenas – e da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) complementaram o ambiente de esperanças renovadas”, acrescenta..
A plataforma Caci, que monitora os assassinatos de indígenas no Brasil desde 1985, foi atualizada com os dados de 2023. A plataforma agora reúne informações sobre 1.470 assassinatos, oferecendo uma visão abrangente e georreferenciada da violência contra os povos indígenas.
Fonte: gazetabrasil