Estados do futuro: Sul Global tem tradição de pensar em termos próprios, diz ministra da Gestão


O Brasil inaugurou nesta segunda-feira (22) a Reunião Ministerial de Desenvolvimento do G20, realizada no Galpão da Cidadania, no Rio de Janeiro, que tem como temas o combate à fome, à desigualdade e a universalização do acesso à água e ao saneamento básico.
Com duração de dois dias, o evento antecede a reunião da Força-Tarefa do G20 para o Estabelecimento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, marcado para a quarta-feira (24), quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançará uma aliança global contra a fome, com abertura da adesão aos demais países do G20.
A reunião desta segunda-feira foi presidida pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e contou com a presença da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e do ministro das Cidades, Jader Filho. A Sputnik Brasil acompanhou o evento.
Mauro Vieira abriu a primeira sessão do evento, sob o tema “Assegurar o acesso à água e ao saneamento”. Ele chamou atenção para a importância de garantir o acesso ao saneamento básico.
“A água é um recurso vital sem o qual não há crescimento ou futuro. A falta de saneamento adequado resulta na proliferação de doenças previsíveis, como a diarreia e a cólera, que são responsáveis por elevado número de internações hospitalares e mortes no nosso país. Para as comunidades afetadas, a carência de serviços básicos amplifica a pobreza e as dificuldades existentes”, disse o ministro.
Ele acrescentou que “o desenvolvimento sustentável do Brasil está, portanto, diretamente vinculado à gestão eficiente dos recursos hídricos”.
“A agricultura, a indústria e a geração de energia são setores fundamentais para a nossa economia, que dependem das nossas bacias hidrográficas. Além de políticas públicas eficazes e dos investimentos robustos em infraestrutura, é necessário implementar programas de educação e conscientização sobre a importância do uso responsável e da preservação dos recursos hídricos. Essa é uma responsabilidade coletiva que requer a participação do governo, das empresas, das organizações da sociedade civil e de cada cidadão brasileiro”, disse Vieira.
Em seguida, o ministro passou a palavra para a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, que destacou o número de pessoas no mundo que vivem sem acesso à água potável e ao saneamento básico.

“Segundo a ONU [Organização das Nações Unidas], no total, no planeta são 2 bilhões e 200 milhões de pessoas que não têm acesso à água tratada e 3 bilhões e 500 milhões que não têm acesso ao serviço de saneamento básico. No Brasil, o país com o maior manancial de água doce do planeta, ainda são 32 milhões sem água tratada e 90 milhões de brasileiros e brasileiras sem tratamento de esgoto. Isso significa dizer que não têm acesso a esse direito fundamental à vida, à plenitude da cidadania”, disse a ministra.

Nesse contexto, ela afirmou que o governo federal incluiu a ampliação do acesso à água tratada e ao saneamento básico em seu Plano Plurianual (PPA).
Em sua fala, o ministro das Cidades, Jader Filho, afirmou que sua gestão à frente da pasta tem como meta levar acesso à água tratada a 99% da população até 2033.

“O Novo PAC [Novo Programa de Aceleração do Crescimento] vai investir, até 2026, US$ 330 milhões na gestão de resíduos sólidos, além de US$ 4,92 bilhões em esgotamento sanitário, US$ 2,73 bilhões em drenagem e contenção de encostas e US$ 2,27 bilhões em abastecimento de água”, afirmou o ministro.

Após a Reunião Ministerial de Desenvolvimento do G20, foi iniciado o evento Estados do Futuro, inaugurado por Mauro Viera e pela ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck.
Ao abrir o evento, Vieira destacou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estabeleceu como prioridade para a presidência do Brasil no G20: inclusão social e combate à fome e à pobreza; transições energéticas e promoção do desenvolvimento sustentável em suas dimensões econômica, social e ambiental; e promoção da reforma das instituições de governança global, partindo do diagnóstico de que precisamos de um ambiente internacional mais propício à paz, à cooperação e à busca de meios efetivos para solucionar os imensos desafios globais.
“Entre os desafios mais urgentes estão a fome, a pobreza e a desigualdade; os conflitos armados, com consequências humanitárias catastróficas; os retrocessos nos padrões de vida em muitas regiões do mundo; a inflação alta nos países ricos e seu impacto para as taxas de juros e para o investimento em economias em desenvolvimento; a crise da dívida pública nos países pobres; a alta volatilidade nos preços de alimentos e energia; e uma crise climática que já não é uma ameaça distante, mas uma realidade incontornável. Para o Brasil, é preciso trazer de volta ao centro da agenda internacional a temática do desenvolvimento nas suas dimensões social, econômica e ambiental.”
Em seguida, a ministra Esther Dweck afirmou que “a importância do Estado não se limita a momentos de crises agudas”.
“O Estado, como o desenvolvimento, é um projeto de longo prazo: não pode ser ‘ligado’ ou ‘desligado’ no apertar de um botão. Construir suas capacidades, inclusive aquelas a serem acionadas na prevenção e resposta a emergências, é um trabalho de acúmulo contínuo.”
Ela acrescentou que “o debate sobre o Estado requer um olhar diferenciado para países em desenvolvimento e as assimetrias internacionais que enfrentam”. Ainda, destacou a importância do Sul Global nesse contexto, por sua “longa tradição de pensar em termos próprios, a si mesmo e ao mundo”.
“Sabemos que processos de desenvolvimento não se dão da mesma forma em diferentes lugares. Cada país tem suas especificidades, e a diversidade de perspectivas e experiências nacionais aqui reunida é um grande patrimônio político do G20.”
Após discursar na abertura do States of the Future, nesta segunda-feira (22), que discutiu ações globais para lidar com os desafios atuais, a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, concedeu coletiva a jornalistas acompanhada pela Sputnik Brasil.
Ela falou sobre a presidência do Brasil no G20 a respeito do desenvolvimento sustentável e afirmou que a pauta ambiental deve ser discutida a nível mundial.

“A dimensão ambiental […] é fundamental ela ser necessária em uma discussão mundial. Um país só não consegue resolver a questão ambiental”, classificou.

O evento continua na terça-feira (23) e terá a participação da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
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Fonte: sputniknewsbrasil

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