A ocorrência de vírus nas lavouras de alho é um fator que pode comprometer não só a produtividade como a rentabilidade da cultura. Os cultivos atacados por viroses podem reduzir a produção pela metade. O problema é frequente no Paraná, já que a oferta de alho semente é reduzida e cara, inviável para o agricultor familiar. Há dois anos o IDR-Paraná desenvolve o projeto Alho livre de vírus, em parceria com a Embrapa-Hortaliças Distrito Federal. Com esta ação, o agricultor familiar tem acesso a sementes de qualidade, além de conhecer o processo de multiplicação desse material.
De acordo com João Reis, coordenador estadual de Olericultura do IDR-Paraná, atualmente o projeto conta com 6 telados para produção de sementes de alho livre de vírus em 5 municípios e 33 unidades de referência de produção de alho em 24 municípios do estado. Ele explicou que cada uma das unidades tem em média 100 metros quadrados e está instalada em propriedades de agricultores. A área, conhecida como “telado”, é protegida com tela, impedindo a entrada de insetos que podem transmitir os vírus. Os produtores recebem toda a orientação dos extensionistas do IDR-Paraná durante o cultivo.
“O foco é produzir alho com qualidade genética e que os agricultores tenham esse material em mãos. Assim, ele vai ter o domínio da produção de alho, afirmou Reis. Os agricultores que participam do projeto estão ligados a cooperativas ou associações. Pelo contrato, esses agricultores que receberam a semente do alho, ficam com uma parte da produção e a outra é devolvida para a cooperativa ou associação. A organização, por sua vez, distribui as sementes para outros agricultores.
A produção de semente de alho desses “telados” atualmente é de 900 quilos. Antes de chegar ao campo esse material precisa passar pela “vernalização”, ou seja, o alho semente fica em média 45 dias numa câmara fria, a uma temperatura de 3ºC a 6°C, antes de ser plantado. Esse processo é necessário para quebrar a dormência e estimular a germinação do alho semente, das cultivares caracterizadas como alhos nobres. Todo esse cuidado garante o sucesso da lavoura e transforma o alho em uma boa opção para o agricultor familiar, já que o produto é muito demando pelos programas oficiais, como a Merenda Escolar, bem como pelos mercados regionais.
João Reis lembra, que sem esse apoio fica difícil o agricultor conseguir lavouras produtivas. Há casos de produtores que usam o alho comum para o plantio, o que não garante boa produção, pois as plantas produzem pouco e ainda são mais suscetíveis ao ataque de vírus. “A cultura do alho é uma atividade cara. Um dente de alho semente de qualidade, pode custar em torno de R$ 0,60 nos mercados de sementes de alho livre de vírus, hoje existentes. Para implantar um hectare, o produtor teria um custo médio somente com semente em torno de 200 mil reais. O agricultor familiar não tem condições de bancar todo esse custo. O projeto entrega semente de qualidade para o produtor”, ressalta Reis.
No projeto Alho livre de vírus, tem agricultores de sementes orgânicas, certificadas pelo Tecpar. Reis informou ainda que 24 extensionistas do IDR-Paraná passaram por treinamento ministrado pela Embrapa-Hortaliças para acompanhar as unidades. Segundo ele, a intenção é aumentar a área de cultivo gradativamente, sempre observando a qualidade técnica dos plantios. O projeto será encerrado em novembro, mas a parceria com a Embrapa-Hortaliças deve ser renovada por mais dois anos. A ambição do projeto, na opinião de Reis, é reestruturar a cadeia de alho no Paraná e que o agricultor familiar participe ativamente desse segmento econômico.
Fonte: noticiasagricolas