O Alzheimer é a forma mais comum de demência entre idosos. Embora seja amplamente estudada, a causa da doença ainda é desconhecida. Em um artigo publicado nesta terça-feira (20/9), o professor de química Donald Weaver, diretor do laboratório Krembil Research Institute, parte da University Health Network, no Canadá, sugere que a condição seja uma doença autoimune que afeta o cérebro.
“Com base em nossos últimos 30 anos de pesquisa, não pensamos mais na doença de Alzheimer como principalmente uma doença do cérebro. Em vez disso, acreditamos que é um distúrbio do sistema imunológico dentro do cérebro”, escreve Weaver, em artigo publicado no portal Science Alert.
Alguns medicamentos sendo desenvolvidos para a doença concentram esforços no bloqueio da formação de blocos da proteína cerebral beta-amilóide, acreditando que ela seria a causa da doença. Weaver tem a teoria de que a substância não seja produzida em escala exagerada nos pacientes com Alzheimer, mas sim de forma normal, fazendo parte do sistema imunológico do cérebro. A chave pode estar em como o corpo reage.
“Quando ocorre um trauma cerebral ou bactérias estão presentes no cérebro, a beta-amilóide é um dos principais contribuintes para a resposta imune abrangente do cérebro. E é aqui que começa o problema”, sugere.
As semelhanças entre as moléculas de gordura presentes nas membranas das bactérias e as membranas das células cerebrais faria com que a proteína atacasse por engano as células cerebrais que deveriam ser protegidas, causando um processo autoimune. A consequência seria a perda crônica e progressiva da função dessas células, ocasionando na demência.

Alzheimer é uma doença degenerativa causada pela morte de células cerebrais e que pode surgir décadas antes do aparecimento dos primeiros sintomasPM Images/ Getty Images

Por ser uma doença que tende a se agravar com o passar dos anos, o diagnóstico precoce é fundamental para retardar o avanço. Portanto, ao apresentar quaisquer sintomas da doença é fundamental consultar um especialista Andrew Brookes/ Getty Images

Apesar de os sintomas serem mais comuns em pessoas com idade superior a 70 anos, não é incomum se manifestarem em jovens por volta dos 30. Aliás, quando essa manifestação “prematura” acontece, a condição passa a ser denominada Alzheimer precoceWestend61/ Getty Images

Na fase inicial, uma pessoa com Alzheimer tende a ter alteração na memória e passa a esquecer de coisas simples, tais como: onde guardou as chaves, o que comeu no café da manhã, o nome de alguém ou até a estação do anourbazon/ Getty Images

Desorientação, dificuldade para lembrar do endereço onde mora ou o caminho para casa, dificuldades para tomar simples decisões, como planejar o que vai fazer ou comer, por exemplo, também são sinais da manifestação da doençaOsakaWayne Studios/ Getty Images

Além disso, perda da vontade de praticar tarefas rotineiras, mudança no comportamento (tornando a pessoa mais nervosa ou agressiva), e repetições são alguns dos sintomas mais comunsKobus Louw/ Getty Images

Segundo pesquisa realizada pela fundação Alzheimer’s Drugs Discovery Foundation (ADDF), a presença de proteínas danificadas (Amilóide e Tau), doenças vasculares, neuroinflamação, falha de energia neural e genética (APOE) podem estar relacionadas com o surgimento da doençaRossella De Berti/ Getty Images

O tratamento do Alzheimer é feito com uso de medicamentos para diminuir os sintomas da doença, além de ser necessário realizar fisioterapia e estimulação cognitiva. A doença não tem cura e o cuidado deve ser feito até o fim da vidaTowfiqu Barbhuiya / EyeEm/ Getty Images
0
A artrite reumatoide é um exemplo de doença autoimune, e é tratada com terapias baseadas em esteroides. O professor explica que, embora o caminho para desenvolver novos medicamentos para o Alzheimer pareça óbvio com suas descobertas, o cérebro é um órgão muito completo e a abordagem não deve ser eficiente — porém, mais estudos devem ser feitos com o novo direcionamento.
“Embora as drogas convencionalmente usadas no tratamento de doenças autoimunes possam não funcionar contra a doença de Alzheimer, acreditamos fortemente que direcionar outras vias de regulação imunológica no cérebro nos levará a novas e eficazes abordagens de tratamento para a doença”, afirma.
Aproximadamente 1,2 milhão pessoas vivem com alguma forma de demência no Brasil e, em todo o mundo, o número chega a 50 milhões de pessoas. A organização sem fins lucrativos Alzheimer’s Disease International estima que os diagnósticos globais chegarão a 74,7 milhões em 2030 e 131,5 milhões em 2050.
Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.