Um comunicado divulgado nesta quarta-feira (19) pela organização Human Rights Watch (HRW), em colaboração com a organização norueguesa Uyghur Hjelp, revelou que as autoridades comunistas da China que atuam na região de Xinjiang têm alterado os nomes de aldeias habitadas pelos uigures e outras minorias étnicas, substituindo-os por termos que refletem a ideologia do Partido Comunista Chinês (PCCh).
Segundo a HRW, das 25 mil aldeias uigures de Xinjiang, listadas entre 2009 e 2023 pelo Escritório Nacional de Estatísticas da China, 3,6 mil tiveram seus nomes originais alterados. 630 dessas que tiveram seus nomes alterados possuíam originalmente nomes que faziam referências ao Islã ou à cultura e história uigur.
Conforme a HRW, a maior parte dessas aldeias receberam nomes como “Felicidade”, “Unidade” e “Harmonia”, slogans propagados pelo PCCh.
Maya Wang, diretora interina para assuntos sobre a China na HRW, comentou que as mudanças parecem fazer parte dos esforços do regime chinês para apagar as expressões culturais e religiosas dos uigures.
“As autoridades chinesas têm mudado centenas de nomes de vilarejos em Xinjiang, de nomes ricos em significado para os uigures para nomes que refletem a propaganda do governo”, afirmou Wang no comunicado.
Conforme revelou a HRW no comunicado, “qualquer menção à história uigur, incluindo os nomes de seus reinos, repúblicas e líderes locais antes da fundação da República Popular da China em 1949, e palavras como orda, que significa “palácio”, sultan e beg, que são títulos políticos ou honoríficos, também foram alteradas”.
“As autoridades também removeram termos nos nomes de vilarejos que denotam práticas culturais uigures, como mazar, [que é um] santuário, e dutar, um instrumento de corda tradicional que está no coração da cultura musical uigur”, diz a HWR.
A região de Xinjiang é o lar de cerca de 11 milhões de uigures e outras minorias étnicas, que organizações de direitos humanos e os EUA acusam de serem perseguidas e reprimidas pelo regime comunista de Xi Jinping.
Acusações relacionadas a detenções em massa, doutrinação política, trabalho forçado e separação de famílias na região, já foram citadas por diversas autoridades. Estima-se que mais de 1 milhão de uigures e outras minorias étnicas tenham sido detidos em campos de concentração, descritos pelas autoridades como “centros de treinamento vocacional”.
“Governos preocupados e o escritório de direitos humanos da ONU devem intensificar seus esforços para responsabilizar o governo chinês por seus abusos na região uigur,” disse Abduweli Ayub, fundador da Uyghur Hjelp, no comunicado,
“Eles devem aproveitar as próximas sessões do Conselho de Direitos Humanos da ONU e todas as reuniões bilaterais de alto nível para pressionar Pequim a libertar as centenas de milhares de uigures ainda injustamente presos como parte de sua abusiva campanha”, acrescentou.
Fonte: gazetadopovo