Teste: Novo BMW X2 é ousado no visual e comedido no desempenho


O BMW X2 foi apresentado em 2018 como um SUV cupê de entrada. O problema é que aquela geração tinha visual muito comedido — e poderia até ser confundida com o X1 aos olhos menos atentos. Agora, seis anos após sua estreia, este aspecto foi corrigido na segunda e novíssima geração, que desembarca no Brasil nas versões xDrive20i (a combustão, por R$ 388.950) e xDrive30 (elétrica, de R$ 443.950).

Digo isso porque o novo BMW X2 entrega tudo que a marca ficou devendo no modelo anterior: estilo despojado, boa dirigibilidade e muita tecnologia. Qualidades que podem interessar até aos donos de X1 M Sport (R$ 354.950) e X3 híbrido (R$ 433.950).

Já antecipo que o X2 vai atrair muitos olhares no Brasil. Quando estiver no semáforo, acostume-se com a atenção imediata dos pedestres. Os motociclistas também vão dar aquela “espiadinha” por cima do ombro enquanto o SUV alemão desfila com imponência.

Isso porque o SUV combina uma dianteira parruda com a elegante linha de cintura alta. No teto, a queda acentuada da carroceria começa logo após a coluna B e percorre toda a extensão do X2 até terminar em um “corte de guilhotina” na traseira.

Os vincos espalhados pela carroceria dão um aspecto musculoso ao X2 em um jogo de luz e sombra. As rodas de 20 polegadas têm desenhos exclusivos para as versões a combustão e elétrica, ambas com as feições esportivas da linha M Sport. Inclusive, este pacote vem de série ao Brasil e adiciona outras características interessantes ao SUV.

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É na traseira que o BMW X2 realmente mostra seus predicados. As lanternas têm um design irregular e recortado, e por serem estreitas, deixam o visual do SUV ainda mais incrementado. Nas redes sociais de Autoesporte, o visual dividiu opiniões…

Quem tem predileção por SUVs com design mais arrojado certamente gostará de saber que o X2 é igualmente encantador ao volante — a começar pela disposição da cabine, que lembra um cockpit de esportivo. Telas, saídas de ar-condicionado e botões estão apontados para o motorista, deixando bem claro quem está no centro da experiência.

O volante de três raios todo revestido de couro tem excelente empunhadura e suas extremidades são mais gordinhas para dar precisão aos movimentos do motorista. Se tivesse base achatada, seria perfeito. Os bancos dianteiros com ajustes elétricos vão agradar quem gosta de dirigir mais próximo ao chão.

A versão de entrada tem motor 2.0 turbo a gasolina, capaz de entregar 204 cv de potência e 30,5 kgfm de torque. Câmbio automatizado de sete marchas e tração integral completam a experiência.

Não se engane pelos números comedidos, pois o X2 a combustão é bem legal de dirigir. Por mais que a aceleração de 0 a 100 km/h em 7,3 segundos não arrepie os pelos da nuca, a reatividade do pedal e o ajuste firme da suspensão proporcionam bastante agilidade e dinâmica ao SUV.

Em um curto test drive pela Serra da Mantiqueira, na região de Campos do Jordão (SP), a carroceria pendeu pouco para os lados nas curvas rápidas. Basta aplicar uma leve pressão no acelerador para a transmissão reduzir até quatro marchas e entregar torque cheio em uma retomada vigorosa.

Não se engane pelo pacote esportivo: o X2 ainda é um SUV para a cidade. O isolamento acústico faz bom trabalho ao filtrar o som do motor (ou até dos motociclistas que passam zunindo no trânsito parado). Já o volante, leve em comparação com outros BMW, facilita balizas e manobras do dia a dia. Aqui, vale destacar também o raio de giro de 11,3 m — excelente para entrar e sair de vagas apertadas.

Quem ama acelerar certamente vai curtir mais a versão elétrica, iX2 xDrive30. Aqui, temos 230 cv de potência e 50,3 kgfm de torque derivados de dois motores assíncronos (dianteiro e traseiro), abastecidos por uma bateria de 64,8 kWh. Com isso, o X2 leva 5,6 segundos para atingir 100 km/h. Sua autonomia com carga total é de 337 km, segundo o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV).

A força extra exigiu um arranjo especial para suspensão e freios. A versão elétrica é consideravelmente mais rígida, e isso ficou claro pelos impactos e trepidações nos trechos esburacados da serra. Afinal, além do incremento de potência e torque, o conjunto de baterias espalhado pelo assoalho pesa quase 500 kg.

O seletor de modos de condução pode deixar o SUV elétrico menos arisco e mais econômico, dependendo da opção desejada. Cada configuração tem um som artificial exclusivo, elaborado pelo compositor alemão Hans Zimmer, famoso pela trilha sonora de filmes como Gladiador e Interestelar. No modo Sport, o iX2 lembra uma nave espacial alçando voo. Ao ativar o modo Eco, a ambientação sonora se torna um sussurro agudo e suave.

Falando sobre a bateria, a BMW oferece carregador wallbox de brinde na compra do iX2 — mas instalação e gastos de infraestrutura ficam por conta do cliente. Em estações de corrente alternada (AC) de 7,4 kW, o SUV descarregado leva 10 horas para atingir 100% de carga. No caso do carregador de 22 kW, a média cai para aproximadamente quatro horas. O tipo de wallbox dependerá sempre da instalação elétrica da residência do dono, diz a BMW.

O iX2 é compatível com recargas de até 130 kW em corrente contínua (DC). Neste caso, a bateria pode ir de 10% a 100% em apenas 30 minutos.

Em termos de dimensão, o X2 cresceu em relação à geração anterior. Agora, são 4,55 metros de comprimento (+ 19,4 cm), 1,59 m de altura (+ 6,4 cm), 1,84 m de largura e 2,69 m de entre-eixos (+ 2 cm). O porta-malas tem capacidade de 560 litros no total.

Na cabine, gosto de destacar a central multimídia de 10,7’’ integrada ao painel de instrumentos de 10,4’’. A BMW buscou uma linguagem minimalista ao integrar os controles do ar-condicionado na tela, mas isso acabou deixando o X2 menos prático.

Não é mais possível mudar a temperatura e a intensidade do ventilador sem olhar para a central multimídia. Por mais que o X2 tenha comandos de voz, acaba sendo menos funcional, inevitavelmente.

O carregador de celular por indução deixa o aparelho em pé no console. Aqui existem dois problemas. O primeiro diz respeito à segurança, já que o smartphone fica à mostra e qualquer pessoa pode enxergá-lo pelo lado de fora. O segundo é que este sistema por indução continua elevando a temperatura dos iPhones.

O painel traz acabamento que combina borracha, couro, aço escovado e camurça. Trata-se de um interior muito aconchegante e requintado. Não há qualquer peça que destoe em termos de qualidade.

O BMW X2 agora tem bons predicados para o seu posicionamento. Evidentemente, não é um carro para qualquer um. Quem busca sobriedade continuará feliz com outros modelos, como os próprios X1 e X3.

Outras marcas alemãs não oferecem carros parecidos. O próprio Mercedes-Benz GLC Coupé custa R$ 531.900, valor muito superior em comparação com o BMW. Já o Audi Q5 Sportback tem motor híbrido plug-in e parte de R$ 492.990.

E fica aqui um spoiler: a BMW também vai lançar no Brasil a versão esportiva xDrive35i, com motor 3.0 de seis cilindros e 312 cv de potência, ainda este ano. A configuração será mais rápida que o modelo elétrico atual, acelerando de 0 a 100 km/h em 5,4 segundos.

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Fonte: direitonews

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