Roger Waters, co-fundador da icônica banda de rock Pink Floyd, causou uma nova polêmica com suas declarações controversas sobre os eventos de 7 de outubro, quando terroristas do Hamas atacaram o território israelense, resultando em mais de 1200 mortes e 250 reféns.
Waters, de 80 anos, acusou Israel de espalhar “mentiras repugnantes” sobre queima de bebês e estupro de mulheres durante o ataque.
Em uma recente participação no programa “Piers Morgan Uncensored” da Talk TV, o músico e compositor britânico expressou dúvidas sobre as ações de Israel e a falta de provas das acusações contra os terroristas palestinos.
“Não estou dizendo que parte do movimento de resistência palestino não tenha cruzado essa linha. Não estou dizendo que isso não aconteceu”, afirmou Waters, questionando a resposta tardia de Israel. “Por que Israel não se defendeu naquela manhã? Por que esperaram sete horas antes de começar a disparar contra todos?”
Durante a entrevista com o jornalista e apresentador Piers Morgan, Waters negou a existência de evidências de estupros e agressões sexuais.
“Não, não houve estupros. Você pode dizer o que quiser, mas não há evidências”, insistiu.
No início deste ano, um relatório das Nações Unidas afirmou que o grupo terrorista Hamas cometeu torturas sexualizadas, incluindo estupros em grupo.
Apesar da gravidade deste relatório, Waters desconsiderou as acusações e pediu uma investigação real e substancial sobre os eventos de 7 de outubro. Ele também mencionou um documentário da Al Jazeera e o trabalho do Grayzone para desmentir as “mentiras repugnantes” que, segundo ele, Israel propagou após o ataque.
Waters também afirmou que Israel apresentou esse cenário como um ataque aos seus próprios cidadãos, considerando-o um “fato incontestável”.
“Todos aqueles montes de carros foram destruídos por mísseis Apache de helicópteros. O Hamas não possui helicópteros”, assegurou, enfatizando que, embora acredite que o Hamas tenha matado civis, ele se recusa a rotular o grupo como uma organização terrorista e defende o direito da Palestina de lutar contra o que ele descreve como “opressores”.
Comportamento peculiar
Em um momento tenso da entrevista, Waters pareceu dialogar consigo mesmo diante das câmeras: “Roger, Roger, acalme-se. Não se rebaixe ao nível deles, está bem, não farei. Deixe que ele interrompa o quanto quiser”.
Esta não é a primeira vez que Waters causa controvérsia com suas declarações sobre Israel e Palestina. Em uma entrevista anterior ao podcast “System Update” de Glenn Greenwald em novembro, ele já havia questionado a falta de reação de Israel ao ataque do Hamas.
“Há algo muito estranho no fato de Israel não ter percebido que o Hamas estava invadindo”, comentou na época.
Waters reiterou várias vezes que a Palestina tem o direito “legal e moral” de resistir à ocupação israelense desde 1967, um direito que, segundo ele, é respaldado pela Convenção de Genebra.
Em suas declarações mais recentes, ele reafirmou sua posição: “o assassinato de civis é um crime de guerra, mas as pessoas que lutam pela libertação da Palestina têm o direito legal e moral de resistir ao opressor. Se alguém invade seu país, expulsa pessoas de suas casas, rouba tudo e ocupa sua terra por 75 anos, você tem um direito absoluto à resistência armada”.
O histórico de Waters inclui numerosas declarações acusando Israel de fabricar histórias sobre os ataques do Hamas. Após 7 de outubro, ele afirmou que, se crimes de guerra foram cometidos, os condena, mas qualificou as afirmações de Israel sobre estupros e queima de bebês como uma “narrativa fabricada para justificar ações militares”.
Quando questionado no passado sobre sua rejeição a Israel e suas frequentes declarações anti-semitas, ele atacou o estado judeu argumentando que “consideram que pessoas que praticam a religião judaica têm uma série de direitos completamente diferentes de todos os outros. Isso é fundamentalmente importante. É por isso que em minha mensagem eu digo: você apoia ou não a ideia de igualdade de direitos humanos? Porque assim que você não apoia, você é um nazista. E eu sei que você não pode dizer nazista”.
Em maio de 2023, ele causou polêmica em shows realizados no estádio Mercedes-Benz Arena de Berlim. O cantor britânico gerou forte repúdio por ter usado durante os shows um uniforme preto semelhante ao usado pela SS nazista e a imagem de Anne Frank.
As referências e alusões controversas ao Holocausto começaram antes do show. Segundo jornalistas locais, uma tela projetava as seguintes palavras: “O show começará em 10 minutos e um tribunal em Frankfurt determinou que eu não sou anti-semita (…) Para deixar claro, eu condeno o anti-semitismo sem reservas”.
O britânico é um defensor ardente do movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), que busca boicotar e desinvestir de Israel. Em 2014, por exemplo, ele questionou os Rolling Stones por terem se apresentado em solo israelense.
Nos últimos meses, o ex-líder do Pink Floyd também recebeu críticas por sua posição sobre a invasão russa à Ucrânia. Durante uma entrevista ao jornal alemão Berliner Zeitung, ele defendeu a decisão de Vladimir Putin de invadir o país vizinho.
Fonte: gazetabrasil