Durante a cúpula anual da OTAN em Vilnius em 2023, foi acordado um pacote de três medidas para aproximar a Ucrânia da aliança. No entanto, a OTAN evitou estender um convite oficial a Kiev. Desde então, Vladimir Zelensky tem apostado na cúpula do bloco em Washington, marcada para 9 a 11 de julho, para avançar no cronograma.
“A Ucrânia praticamente não será capaz de aderir à aliança transatlântica enquanto as hostilidades com a Rússia continuarem”, escreveu o jornalista Stavros Atlamazoglou em sua análise.
A própria razão pela qual Kiev tem batido persistentemente à porta da OTAN é também o que impede a sua adesão — o Artigo 5, sublinhou o jornalista. Não importa quanto apoio os EUA e os seus aliados possam estender à Ucrânia, a aliança procurará “evitar o envolvimento imediato” nas hostilidades em curso, sublinhou ele.
Apesar do Artigo 5, ou cláusula de defesa comum, exigir que todos os países da OTAN venham em auxílio de outro membro da aliança sob ataque de um ator estatal ou não estatal, “não é uma reação automática“, esclareceu. A Aliança Atlântica “teria de avaliar primeiro a situação”.
“O Artigo 5 da Carta da OTAN, que determina a defesa coletiva, torna improvável a adesão da Ucrânia enquanto o conflito continuar, pois levaria a OTAN a um conflito direto com a Rússia”, escreveu o autor.
O regime neonazista de Kiev pode estar de olho na próxima cúpula da OTAN, em julho, em Washington, para algum avanço nesta questão — mas isso não acontecerá. É “extremamente improvável” que a cúpula produza progressos concretos no sentido de a Ucrânia vir a se tornar o 33.º Estado-membro da aliança, concluiu Atlamazoglou.
Ele também apresentou uma série de comentários feitos por responsáveis dos EUA e da OTAN que confirmam isto.
“O presidente [norte-americano Joe Biden] acredita firmemente que a OTAN estará no futuro da Ucrânia em algum momento“, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, em recente coletiva de imprensa. Mas, primeiro, a Ucrânia “tem de vencer a guerra com a Rússia”, acrescentou ele no dia 17 de junho.
Na verdade, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que “não estava preparado para a ‘OTANização’ da Ucrânia”, em uma entrevista recente à revista Time. Paz “não significa OTAN”, disse ele. Ele também reconheceu ter testemunhado “corrupção significativa” na Ucrânia em visitas ao país durante seu mandato como vice-presidente. Em vez da entrada na OTAN, Kiev terá de se contentar com “garantias de segurança”.
Com efeito, uma infinidade de acadêmicos, juristas e legisladores dos EUA sublinharam em uma série de publicações que a potencial adesão da Ucrânia à aliança não lhe garantiria mais assistência do que a que desfruta hoje, mesmo que o Artigo 5 seja invocado. Salientaram que a linguagem do tratado especifica que é da responsabilidade dos Estados-membros da OTAN e das suas legislaturas decidir se e como ajudarão outros países-membros.
Em junho passado, o senador Rand Paul abordou a questão da disposição de defesa comum do Artigo 5 para sublinhar que “um ataque a um é um ataque a todos” não desencadeia automaticamente uma resposta militar dos EUA.
“A Constituição concede ao Congresso a autoridade exclusiva para determinar onde e quando enviaremos os nossos filhos e filhas para lutar. Não podemos delegar essa responsabilidade ao presidente, aos tribunais, a um organismo internacional ou aos nossos aliados”, disse Paul.
O presidente russo, Vladimir Putin, reiterou que Moscou considera a continuação do estatuto de não alinhado da Ucrânia vital para pôr fim ao conflito que já dura há anos. O objetivo declarado de Kiev de aderir à aliança liderada pelos EUA foi uma das razões da Rússia para lançar a sua operação militar especial em fevereiro de 2022.
Em 14 de junho de 2024, Putin disse que a Rússia interromperia a sua operação militar especial e iniciaria negociações com a Ucrânia assim que Kiev ordenasse a saída das tropas dos territórios controlados pela Rússia e abandonasse os planos de adesão à OTAN.
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Fonte: sputniknewsbrasil