Apesar da redução no número de acidentes em rodovias sob gestão pública, a taxa de severidade, que leva em conta a gravidade dos acidentes, ainda é significativamente maior do que em rodovias sob concessão. É o que aponta um estudo da Fundação Dom Cabral (FDC), que analisou dados da Polícia Rodoviária Federal de 2018 a 2023.
No ano passado, as rodovias sob gestão pública apresentaram uma taxa de severidade cerca de 3,2 vezes maior do que as administradas por meio de concessão, mesmo com um número menor de ocorrências. No período analisado, ocorreram 377.770 acidentes, sendo 167.633 em estradas concedidas e 210.137 nas rodovias sob gestão pública.
O estudo, que está em sua segunda edição, leva em consideração, através de metodologia própria, a Taxa de Acidentes (TAc) e Taxa de Severidade de Acidentes (TSAc). Em ambas as taxas, o quantitativo de acidentes é ponderado pela intensidade do tráfego, representada pela multiplicação do volume médio diário (VMDA) pela extensão do segmento viário em que ocorreu cada evento. Além disso, no cálculo da TSAc cada acidente é também ponderado pela respectiva severidade da ocorrência.
Segundo a pesquisa, ao longo dos últimos seis anos, o número de acidentes de trânsito aumentou nas rodovias concedidas, assim como as Taxas de Acidente e a Taxa de Severidade, e diminuiu nas que estão sob gestão pública, incluindo a redução das devidas taxas. Em 2018, foram 28.845 acidentes nas rodovias concedidas, já em 2023 subiu para 30.526, um aumento de 5,8%
Quando observada a malha sob gestão pública, os acidentes caíram de 36.880 para 34.650, representando uma queda de 6%.
“Essas evoluções fazem parte da dinâmica do tráfego, cujos volumes englobam um período de cinco anos, considerando a dispersão do efeito da pandemia e já incluindo a significativa transferência, nos últimos anos, de rodovias da gestão pública para a iniciativa privada, cujos investimentos ainda não surtiram o efeito esperado”, explica Paulo Resende, coordenador do Núcleo de Infraestrutura, Supply Chain e Logística da Fundação Dom Cabral.
“Outro ponto importante é o crescimento de acidentes envolvendo vulneráveis (bicicletas, pedestres, etc.), principalmente em travessias de áreas urbanas, que têm grande presença em trechos concedidos”.
O coordenador também destaca que “apesar do aumento de investimentos em manutenção e recuperação de rodovias federais públicas nos últimos anos, ainda é altíssima a diferença em acidentes de alta severidades entre trechos concedidos e os sob gestão pública, o que não pode ser desprezado de maneira nenhuma”, afirmou.
A análise dos dados de 2023 identificou as rodovias com maiores taxas de severidade, ou seja, aquelas que mais registraram acidentes graves. As federais BR-101 e BR-116, ambas de grande extensão, lideraram o ranking, com as maiores taxas de severidade e o maior número de acidentes.
A pesquisa destrincha os dados por estados, revelando que 12 unidades federativas concentram 82% dos acidentes nas rodovias federais. As estradas de Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia, Goiás, Pernambuco, Espírito Santo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul são as que mais registram acidentes.
No entanto, ao considerar as taxas de acidentes e de severidade, as rodovias federais de outros estados se destacam. As rodovias do Paraná lideram o ranking de taxa de severidade, seguidas por Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia. Em contrapartida, as cinco unidades federativas com as menores taxas de severidade em rodovias federais são: Amazonas, Sergipe, Roraima, Tocantins e Acre.
A análise detalhada por macrorregião do país revela que, nos últimos anos, as rodovias federais sob gestão pública continuaram a apresentar maior periculosidade do que as concedidas à iniciativa privada.
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Fonte: direitonews