Até pouco tempo atrás, o assunto “carro elétrico” era turvo. A Tesla era marca de referência, tanto que se consolidou como a maior fabricante de veículos elétricos no mundo. Isso até a ameaça iminente das marcas chinesas, como GWM e BYD, por exemplo.
Embora a ideia dos modelos elétricos não seja tão nova — Henry Ford criou um protótipo de carro movido a baterias em 1913 —, a desmistificação desses veículos é recente. A tecnologia vem se expandindo de forma rápida e a competição se afunilando cada vez mais, com as marcas chinesas comendo pelas beiradas.
Em 2023, por exemplo, a BYD, fabricante de modelos como Dolphin e Song Plus — que será o primeiro híbrido flex da marca —, conseguiu superar a empresa de Elon Musk. Para se ter uma ideia, em apenas três meses (de outubro a dezembro), a empresa chinesa vendeu 525.409 veículos elétricos, enquanto a Tesla registrou 484.507 emplacamentos.
A ofensiva da BYD é forte. Tanto que, no início de 2024, o CEO da Tesla teceu alguns comentários sobre o avanço da indústria automotiva chinesa. “Se barreiras comerciais não forem estabelecidas, elas praticamente demolirão a maioria das outras empresas automobilísticas do mundo. Eles são extremamente bons”, disse o executivo durante uma teleconferência de resultados da Tesla.
O elogio, com uma clara pitada de receio, veio tempos depois do empresário fazer declarações não tão agradáveis à BYD. Em 2011, durante uma entrevista à Bloomberg TV, Musk chegou a dizer que, na sua opinião, a marca não tinha um produto bom. Além disso, afirmou que não era uma ameaça, já que a tecnologia “não era um ponto forte”.
Entretanto, o feitiço virou contra o feiticeiro. A BYD, assim como outras marcas chinesas e da indústria no geral, entrou em uma espécie de corrida tecnológica. E a ameaça se torna maior a cada dia, tanto que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou um aumento expressivo na carga tributária para a importação de veículos elétricos chineses. O reajuste foi de 25% para 100%.
Segundo a Reuters, Musk chegou a se pronunciar sobre o assunto durante uma conferência em Paris. O executivo disse que ficou surpreso com o anúncio das tarifas. “A Tesla compete muito bem no mercado da China, sem tarifas e sem apoio deferente. Sou a favor da ausência de tarifas”, disse o empresário à imprensa.
Cabe lembrar que a segunda maior fábrica da Tesla, depois dos EUA, fica em Xangai (China) e produz quase um milhão de carros por ano. Agora, a marca acaba de inaugurar outra fábrica, perto do local, para produzir Megapacks – baterias grandes para abastecer concessionárias e usinas de energia. A produção está prevista para começar em 2025.
Seja como for, a preocupação da Tesla faz sentido. Atualmente, a BYD traz um portfólio mais extenso em relação a fabricante norte-americana. Tanto em quantidade, bem como em tipos de carroceria e motorização. Mas não é só. A chinesa tem como principal trunfo os elétricos mais acessíveis, como o Dolphin Mini, conhecido na China como Seagull, e o Dolphin, ambos disponíveis no mercado brasileiro.
Em contrapartida, a Tesla tem menos veículos na gama, com dois modelos de altas vendas. O Model 3, disponível por US$ 34 mil (cerca de R$ 177 mil na conversão atual), e o Model Y, que custa US$ 31.490 (R$ 164 mil) e foi o primeiro carro elétrico mais vendido no mundo.
A marca se mostrou interessada em investir em modelos de baixo custo em meados de 2020, quando Elon Musk chegou a falar sobre um elétrico mais acessível, na faixa de US$ 25 mil (aproximadamente R$ 130 mil).
Inicialmente, a promessa era de que a produção do compacto iria começar em 2025. O modelo, aliás, seria feito sobre uma nova plataforma, com custo inferior, além de ter um projeto simplificado. Tudo com o objetivo de cortar custos. Entretanto, o assunto não voltou à tona até o momento.
Cabe dizer que há também uma forte corrida para a produção de baterias mais eficientes. E os modelos Blade da BYD, conquistam seu lugar ao sol. Tanto que até despertaram o desejo da Tesla de colocá-las em seus carros.
Feita de fosfato de ferro-lítio (LFP), um dos dois tipos de baterias de íons de lítio, a bateria Blade dispensa o uso de níquel, cobalto e manganês (baterias do tipo NMC). Os benefícios estão os custos menores, ciclo de vida mais longo e maior capacidade de carregamento.
A marca chinesa também anunciou, em parceria com a subsidiárias FinDreamns, a segunda geração das baterias Blade, que prometem ser mais leves e seguros, além de oferecer um maior alcance. Especula-se que, com o novo componente, os carros elétricos da BYD poderão passar dos 1.000 km de autonomia com apenas uma carga.
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Fonte: direitonews