No meio do feriado prolongado e sem novidades significativas no noticiário local, o dólar fechou esta sexta-feira em alta de 0,79%, cotado a R$ 5,24, o maior valor desde 18 de abril. Analistas destacam a cautela com o cenário externo e a incerteza quanto ao equilíbrio das contas públicas no Brasil. Na semana, a moeda acumulou valorização de 1,58%.
A taxa de 20% para importados foi tema de discussão, com Geraldo Alckmin afirmando que acredita que o presidente Lula não vetará a medida. Enquanto isso, o crescimento do PIB americano no primeiro trimestre desacelerou mais do que o estimado, caindo para 1,3%.
O dia foi marcado pela baixa liquidez no mercado e pela divulgação dos dados do Índice de Preços de Gastos com Consumo (PCE), principal indicador de inflação acompanhado pelo Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos. O PCE avançou 0,3% em abril, conforme esperado pelos analistas, o que poderia indicar a possibilidade de corte de juros nos Estados Unidos.
Matheus Nascimento, analista da Levante Corp, aponta que ainda há incerteza sobre a inflação americana nos próximos meses:
— Os dois últimos PCEs reforçaram uma perspectiva de pelo menos um corte de juros neste ano, mas ainda vemos incerteza nos próximos meses. O Federal Reserve continua dependente de dados econômicos para definir sua postura sobre a política monetária — afirma, destacando que a inflação na Zona do Euro, divulgada nesta sexta-feira, também contribuiu para um clima de aversão ao risco no mercado.
De acordo com dados publicados, a inflação na Zona do Euro subiu 2,6% em maio, na comparação anual, superando as expectativas do mercado. A meta do Banco Central Europeu (BCE) é de 2%.
No cenário interno, a incerteza em torno do equilíbrio das contas públicas continua pressionando os ativos de risco e favorecendo o dólar, especialmente após as chuvas no Rio Grande do Sul, cujo impacto na economia ainda é incerto.
Além disso, hoje foi dia da formação da Ptax de fim de mês, uma taxa calculada pelo Banco Central que serve como referência para contratos que utilizam a moeda estrangeira.
— A Ptax nem sempre reflete o comportamento real do mercado, especialmente no final do mês, quando a disputa pela formação da taxa se intensifica — explica Diego Costa, diretor de câmbio para o norte e nordeste da B&T Câmbio.
Fonte: gazetabrasil