Está sacramentado. A Stellantis não confirma, mas diferentes fontes apontam que o Jeep Renegade sairá de linha nos próximos anos no Brasil. Será substituído pelo Avenger, um SUV ligeiramente menor, que será produzido em Porto Real (RJ) junto da nova família Citroën C3 a partir de 2026.
Com a movimentação, o Renegade perderá espaço no mercado brasileiro e deve ser tirado de cena até 2027, sem sequer receber as motorizações híbridas que estão previstas para os irmãos de plataforma Compass e Commander, e até para os Fiat Pulse e Fastback.
A notícia pode ter pego muita gente de surpresa. Afinal, o Jeep Renegade é um sucesso no Brasil desde o seu lançamento, em 2015. De lá para cá, a fábrica da Stellantis em Goiana (PE) já produziu quase 600 mil unidades do SUV compacto. Sendo assim, por que ele será tirado de linha sem ganhar uma nova geração?
A resposta é: por conta de seu desempenho global em vendas. O Renegade pode ter feito sucesso no Brasil, mas a realidade não foi a mesma em outros mercados.
Nos Estados Unidos, por exemplo, o SUV passou longe de gerar o mesmo apelo, tanto que já teve sua morte decretada por lá. Na China, foi um grande fracasso, a ponto de a marca Jeep ter saído do país. Na Europa, vende um pouco melhor, mas ainda assim não se sabe se uma troca de geração será aprovada pela matriz.
Em todas essas regiões, o Jeep Renegade tinha posicionamento de preço e mercado muito similar ao do Compass. Por isso, sempre acabou ofuscado pelo irmão. Também é por esse motivo que o Compass já tem uma nova geração em desenvolvimento para chegar ao mercado os próximos anos, usando a plataforma STLA Medium que representa uma evolução do Peugeot 3008.
Para receber uma nova plataforma, o Renegade teria dois caminhos. O primeiro seria adotar a mesma base STLA Medium, muito cara para um SUV compacto; o segundo, adotar a matriz CMP (também chamada de STLA Small) do próprio Avenger. Ou seja, o modelo que popularizou a Jeep no Brasil ficou espremido (e sem espaço) entre os outros dois produtos da marca na estratégia global da Stellantis.
Fontes contaram à Autoesporte que a filial brasileira brigou para manter o Renegade em linha. Afinal, aqui a realidade era diferente do que em outros mercados e o produto tem apelo. Teria proposto, inclusive, o desenvolvimento de uma forte renovação do SUV atual com a plataforma Small Wide 4×4 ou a criação de uma nova geração local com base CMP para ser feita aqui no lugar do Avenger.
Por questões de custo, a matriz optou por adaptar ao nosso país o projeto que já existia, o do Avenger. E isso diz outra coisa sobre o futuro da Stellantis no Brasil: sua postura será cada vez mais alinhada à estratégia global.
A tendência é que “jabuticabas” locais, como Strada, Pulse e Fastback, virem projetos de alcance global, pelo menos para mercados emergentes, como Índia e Turquia (o que, inclusive, deve acontecer com esses três), ou sejam tirados de linha (o que acontecerá com o Mobi, por exemplo).
Voltando a falar do Renegade, a tendência é que, daqui a alguns anos, o Compass seja reposicionado para abraçar os clientes de suas versões mais caras, enquanto o Avenger focará em pescar compradores de suas versões mais básicas. A estratégia parece arriscada do ponto de vista nacional, mas foi adotada sob o olhar global da empresa.
O sucesso do Jeep Renegade no Brasil foi exceção, e não regra.
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Fonte: direitonews