“É extremamente necessário que tenhamos um órgão, um representante de governo capaz de dar os direcionamentos para a União, para todos os estados e municípios de como proceder, como viabilizar a obtenção de recursos emergenciais para que a gente consiga preservar o bem mais importante à nossa sociedade, que é a vida humana.”
“Eu não vejo outra forma de coordenar melhor ações de resposta a riscos a desastres e efetivamente a desastres ocorridos sem ter um órgão de governo fazendo o apoio, a supervisão, a coordenação das ações. E é importante também destacar que esse órgão tem uma função fundamental de captar e liberar recursos de maneira rápida para tentar salvar vidas”, diz Canejo.
“Acredito que essa seja uma estratégia positiva que viria, na verdade, a contribuir para o nosso arcabouço legal, que é muito bom na área ambiental, mas especificamente para tratar o caso de redução de riscos de desastres e para ampliar a discussão sobre a importância de uma ação para o enfrentamento à crise climática. Acho que a gente poderia fomentar a necessidade de desenvolvimento de novas legislações sobre essa temática”, acrescenta.
Modelo autônomo de política ambiental é desafio para a unificação de ações
“Por exemplo, a carbonização de resíduos sólidos pode ser uma solução para municípios do interior do Amazonas, que têm dificuldade de obterem energia do sistema elétrico brasileiro por serem distantes e onde as energias solar e eólica sozinhas ainda são inviáveis devido ao alto custo de baterias para garantir eletricidade todas as horas do dia. Já essa solução pode não ser interessante para municípios do Sudeste, por exemplo, já que há questões relacionadas à reciclagem e renda de catadores que também devem ser consideradas.”
“Nesse viés, é também fundamental a unificação dos sistemas de informação dos estados para que seja possível ter uma base de dados nacional coesa e atualizada, além do panorama dos desafios, das oportunidades e boas práticas aplicadas em cada contexto”, afirma.
Planejamento das cidades deve ser repensado
“E isso é um trabalho longo de sensibilização, que infelizmente situações como esta que a gente está vivendo no Rio Grande do Sul abreviam esse processo de aprendizagem. Então a crise climática é latente. Ela tem dimensões muito maiores do que os governos gostariam que tivesse. A crise climática vai muito além da vontade de um prefeito, de um governador, de um presidente. A crise climática é algo que nos une, nos envolve, em prol de mudanças de atitudes.”

Fonte: sputniknewsbrasil