Um relatório do think tank americano Centro de Estudos
Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês) apontou que a construção
de infraestruturas e a alocação de equipamentos militares que a Venezuela está
realizando na fronteira com a Guiana já configura um patamar “pré-guerra”.
Informações do estudo foram divulgadas nesta terça-feira
(14) pela CNN. “A constante afirmação de que ‘o Essequibo é nosso’, juntamente
com a criação de novos comandos militares e estruturas legais para
supervisionar a defesa da região, está colaborando para institucionalizar um
sentimento de perpétua posição pré-guerra”, indicou o CSIS.
A Venezuela alega ter soberania sobre Essequibo, uma região
de quase 160 mil quilômetros quadrados que corresponde a 70% do território da
Guiana.
Uma decisão internacional do final do século XIX determinou
que a área era do Reino Unido, de quem a Guiana obteve independência em 1966.
Nesse ano, foi assinado um acordo para que a disputa fosse resolvida por uma
corte internacional, o que nunca aconteceu.
Uma demanda da Guiana para que o caso seja decidido pela
Corte Internacional de Justiça (CIJ) tramita desde 2018.
A disputa se tornou mais tensa a partir de dezembro do ano
passado, quando, num referendo questionado, a Venezuela aprovou medidas para a
anexação do Essequibo. Desde então, o chavismo aprovou a criação de um estado
venezuelano e de uma área de segurança na área, entre outras medidas.
O CSIS afirmou que a Venezuela “tem pouco a ganhar e muito a
perder com um conflito em larga escala”, mas continua a fazer “um jogo
perigoso” na sua reivindicação sobre Essequibo.
Por meio de imagens de satélite e de redes sociais, o think
tank americano confirmou que está ocorrendo uma expansão da base militar da
Ilha Anacoco, com a ampliação do campo de aviação e a implantação de uma torre
de controle.
O CSIS também relatou que uma ponte está sendo construída
sobre o rio Cuyuni para conectar a margem do rio venezuelano à ilha. Imagens de
mais de 75 tendas de campanha perto do campo de aviação da ilha, “o suficiente
para uma unidade do tamanho de um batalhão com várias centenas de soldados”, foram
registradas por satélite, alertou o think tank.
Além disso, perto da costa, pelo menos dois barcos rápidos Peykaap
III, com lançadores de mísseis e fabricados no Irã, foram vistos na estação da
guarda costeira da Venezuela em Punta Barima, “colocando mísseis e forças
navais venezuelanos” a apenas 64 quilômetros da fronteira com a Guiana.
O relatório é divulgado poucos dias depois de uma elevação das tensões militares na região. Na semana passada, o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, anunciou o envio de “patrulhas aéreas” depois que os Estados Unidos anunciaram o sobrevoo de dois aviões da Marinha sobre Georgetown, capital da Guiana, e seus arredores.
Fonte: gazetadopovo