A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi sorteada como relatora de um novo inquérito para investigar supostas “fake news” disseminadas nas redes sociais que apontam deficiência de órgãos federais nas ações de ajuda à população afetada pelas enchentes no Rio Grande do Sul. O pedido de investigação foi feito pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que tem ascendência sobre a Polícia Federal.
“Os conteúdos afirmam que o Governo Federal não estaria
ajudando a população, de que a FAB não teria agilidade e que o Exército e a PRF
[Polícia Rodoviária Federal] estariam impedindo caminhões de auxílio”, diz o
pedido de Pimenta, acrescentando que essas “narrativas” impactariam a “credibilidade
das instituições”. “A propagação de falsidades pode diminuir a confiança da
população nas capacidades de resposta do Estado, prejudicando os esforços de
evacuação e resgate em momentos críticos. É fundamental que ações sejam tomadas
para proteger a integridade e a eficácia das nossas instituições frente a tais
crises.”
O pedido de investigação chegou ao STF na última sexta (10)
e tramita sob sigilo.
No ofício em que pede a investigação, Pimenta lista
postagens nas redes sociais que criticam a atuação do governo, como falta de agilidade
da Força Aérea Brasileira (FAB) no transporte de alimentos, a morte de
pacientes na UTI de um hospital em Canoas (RS), a ajuda prestada pelo
empresário Luciano Hang às vítimas do desastre.
Outras postagens expressam opinião negativa, como a de que o Estado “só entregou dificuldade e ineficiência” e a que aponta “ineficácia e falta de vontade do Estado em proteger o cidadão”, com destaque para as ações realizadas por civis no salvamento e auxílio a desabrigados.
O caso chegou ao STF porque algumas postagens foram feitas pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e pelo senador Cleitinho (Republicanos-MG), ambos de oposição, que têm foro privilegiado na Corte. Cármen Lúcia já pediu manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o pedido do governo.
Fonte: gazetadopovo