Alguns produtores de determinadas localidades do Brasil já deram a largada nos trabalhos de colheita da segunda safra de milho 2024. Ainda bastante insipientes, as atividades são insuficientes para contabilizar pontos percentuais de áreas colhidas nos estados e a nível nacional.
O último levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), divulgado no final da tarde desta segunda-feira (13), apontou que as lavouras da segunda safra de milho no Brasil se dividem entre 4,7% ainda em desenvolvimento vegetativo, 22,4% em floração, 58,9% em enchimento de grãos e 14,1% já em maturação.
Porém, de maneira pontual, os trabalhos de colheita começam a aparecer pelo país, em estados como Mato Grosso, Paraná e Goiás, por exemplo.
De acordo com Cleiton Gauer, Superintendente do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), os primeiros municípios mato-grossense a reportarem colheita de milho foram Alta Floresta, Marcelândia, Matupá, Ipiranga do Norte, Nova Ubiratã, Sinop, Vera, Primavera do Leste.
Em Sinop, por exemplo, a colheita começou com boas produtividades, mas os produtores seguem monitorando os trabalhos já que áreas com pior desenvolvimento devem entrar em colheita em breve, como contou o produtor rural do município José Guarino Fernandes.
Presidente do Sindicato Rural de Ipiranga do Norte, Karine Souza, também apontou que os trabalhos já começaram nas lavouras que foram plantadas ainda no mês de dezembro de 2023, mas ressaltou o problema com grãos avariados no município.
Esta preocupação com avarias se repete em Tapurah. O produtor Silvésio de Oliveira alerta que muitas lavouras da região estão com mais de 20% de grãos avariados, o que pode gerar grandes descontos no momento das entregas de milho.
“A grande preocupação é milho avariado, o produtor não vai ter como colocar isso no armazém e computar como produtividade porque vai ser descontado. A tolerância é 5 ou 6% e normalmente o milho bom tem 1 ou 2% avariado, então vai ser muita coisa”, conta Oliveira.
O produtor relata que houve muita chuva até o final de abril e esse quadro levou aos grãos avariados. De qualquer forma, as produtividades destas primeiras áreas colhidas estão ficando acima de 150 sacas por hectare, com projeção de média final na casa das 120 sc/ha no município.
Em Goiás, o Assessor Técnico da Faeg (Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás), Leonardo Machado, aponta que as colheitas da segunda safra de milho estão “incipientes, ainda sem representatividade”. Os trabalhos devem ganhar ritmo mesmo a partir de junho, mas até o momento, as “produtividades iniciais são boas, considerando que registraram um bom volume de chuvas”, diz Machado.
Já no Paraná, apenas três localidades já começaram a colheita do milho safrinha, de acordo com o último boletim de acompanhamento de safra divulgado pelo Deral (Departamento de Economia Rural) nesta terça-feira (14). Até a data dessa publicação, a regional de Campo Mourão havia colhido 3.600 hectares, o que representa 1% dos 360.000 cultivados, a de Francisco Beltrão colheu 763 hectares, 2% dos 38.150 plantados e a de Irati retirou dos campos 120 hectares, 3% dos 4 mil semeados.
“A colheita no estado paranaense ainda é bastante pontual e em lavouras bastante precoces. os trabalhos tendem a ganhar relevância a partir de junho”, diz Edmar Gervásio, analista de milho do Deral.
O Presidente do Sindicato Rural de Francisco Beltrão, Albino Poposki, explica que essas áreas que já foram colhidas são de lavouras um pouco fora de época e que a colheita da safrinha propriamente dita deve se iniciar na virada de maio para junho, nas lavouras semeadas em janeiro.
“O desenvolvimento foi bom até a agora e o milho está em excelentes condições. Houve algumas doenças de final de ciclo que podem comprometer o colmo e fazer o acamamento dessas lavouras, mas o milho até então se desenvolveu muito bem. A chuva está começando a atrapalhar um pouco, com excesso de chuvas e ventos, mas espera-se uma colheita excelente aqui se não houver muita chuva e acamamento das lavouras nos próximos dias”, relata Poposki.
Já na regional com mais hectares colhidos no Paraná, pelos números do Deral, Campo Mourão, as perspectivas divergem das demais áreas que já entraram em colheita, após um cenário climático que foi menos favorável para o desenvolvimento das lavouras de segunda safra.
Diretor técnico da AEACM (Associação dos Engenheiros Agrônomos da Campo Mourão), José Petruise, conta que os trabalhos de colheita estão iniciando na região apenas nas lavouras semeadas na primeira quinzena de janeiro, uma área que representa menos de 1% do total do município, que semeou perto de 19.500 hectares, com o restante das áreas devendo ser colhidas nos próximos meses.
“Mesmo com os trabalhos ainda se iniciando, as expectativas não são muito boas, isso em razão das condições adversas desta safra. As lavouras estão hoje com praticamente 28 dias sem a ocorrência de chuvas significativas, fato este que afeta diretamente o potencial produtivo”, relata Petruise.
Na análise do engenheiro agrônomo, as perdas contabilizadas até o presente momento no município já chegam a 15% da produtividade esperada, com alguns pontos localizados do município podendo ter perdas ainda maiores.
“Estamos aguardando chuvas para este final de semana, a fim de cessar as perdas, haja vista que a cada dia que passa a situação vai ficar mais crítica e irreversível”, diz.
Além de problemas climáticos, as lavouras de milho em Campo Mourão também sofreram com alta pressão de pragas como percevejos, pulgões e cigarrinhas.
“Algumas áreas pontuais do município sofreram inicialmente com a presença de percevejo, e posteriormente com a presença de cigarrinhas e pulgão, porém, com baixa incidência de enfezamentos e viroses em razão do bom manejo adotado. Mas é importante evidenciar que temos a presença de manchas foliares, principalmente a Bipolaris maydis”, destaca Petruise.
Fonte: noticiasagricolas