O Maio Amarelo foi criado pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) em 2014 para chamar a atenção da população para o alto índice de acidentes no trânsito. Desde então, no quinto mês do ano os holofotes são voltados para este problema de saúde pública. O movimento é muito importante, mas deveria durar o ano inteiro. Afinal, de acordo com o último levantamento do Ministério da Saúde, foram 33.894 mortes no trânsito em 2022 no Brasil: uma média de 92,6 por dia.
Os números do Ministério da Saúde são divulgados por meio do Sistema de Informações de Mortes (SIM), porém, a coleta desses dados demora certo tempo para chegar em um número final, por isso o último índice completo ainda é de 2022. Em 2023, a estimativa é de que o número de óbitos seja um pouco menor, ficando na faixa dos 30 mil.
Com esses números assustadores, uma coisa vem à cabeça: as campanhas para alertar, orientar e despertar a gravidade desta tragédia deveriam durar os 12 meses do ano. Um mês é muito pouco.
A conscientização por parte do poder público deveria ser massiva e muito cobrada pela população, afinal, as rodovias federais ficaram mais perigosas em 2023 e quase 70% delas não estão em boas condições, sendo que em cinco estados não há nenhum quilômetro de asfalto classificado como ótimo. Verdade seja dita, nós (da imprensa) também temos um papel muito importante em aumentar essa conscientização além do Maio Amarelo — e a população em geral, idem.
Nos dados divulgados pelo ONSV, com base nos números do Ministério da Saúde, desde 2011 o números de mortes caiu expressivamente. Porém, está estagnado e oscilando pouco nos últimos anos — nunca com menos de 30 mil óbitos anuais. Curiosamente, a partir de 2014, depois que começou a campanha do Maio Amarelo, não houve mais de 40 mil mortes por ano, mostrando as campanhas de conscientização são eficazes.
Veja a tabela:
A região Norte apresentou o maior aumento percentual de óbitos no trânsito entre 2021 e 2022: alta de 7,6%. Em ordem decrescente, segue a região Sul com um aumento de 2,5%, Centro-Oeste com 2,2% e Nordeste com aumento de 0,3%. Apenas o Sudeste apresentou uma redução nos números de óbitos no trânsito, com uma variação de 3,7% para baixo.
Em relação aos óbitos no trânsito por estado, os locais que apresentaram os maiores aumentos percentuais na quantidade de óbitos entre 2021 e 2022 foram:
Por outro lado, as unidades que mais apresentaram reduções na quantidade de óbitos no trânsito foram:
Segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT), a BR-101 foi a rodovia federal que registrou mais acidentes em 2023, com 11.337 ocorrências (17% do total); enquanto a BR-116 foi a rodovia que registrou mais mortes, com 752 casos no período (13,6% do total).
Essas mesmas rodovias se destacaram no ranking dos 10 trechos mais perigosos segundo o número de mortes a cada 10 km. A BR-101 aparece quatro vezes, com dois trechos em Santa Catarina e dois em Pernambuco; a BR-116 também é listada quatro vezes, com dois trechos em São Paulo, um no Rio de Janeiro e um em Minas Gerais.
Além das duas, as outras rodovias que estão no ranking são a BR-381 com um trecho em São Paulo e a BR-040 com trecho em Minas Gerais.
Em 2023, a CNT analisou 111.502 km de extensão, sendo 85.409 km (76,6%) de rodovias públicas e 26.093 km (23,4%) de rodovias sob gestão da iniciativa privada.
Os números e dados descritos neste texto só reforçam que ter apenas um mês do ano dedicado à conscientização no trânsito pouco adianta em um país trágico nas estradas. Fazer centenas de campanhas em maio e praticamente abandonar o tema nos outros 11 meses não vai surtir o efeito que o Brasil precisa.
Que o Maio Amarelo possa ganhar cada vez mais força e não cair no esquecimento quando começar junho e que estado invista muito mais em melhorias de segurança viária. Não adianta dirigir um veículo seguro em um asfalto extremamente perigoso e sem infraestrutura. Os números dizem por si só!
Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.
Fonte: direitonews