“Estamos avaliando as condições todas de mercado. Não há razão nenhuma para aumento agora. Não está sendo avaliado [aumento para as próximas semanas]. Estamos monitorando o cenário internacional. Por enquanto não há nada que faça mover. E o preço do petróleo indica isso”, disse Prates em um evento no Rio de Janeiro.
Quais as chances de uma disparada no preço do petróleo?
“Veja você que com essa defasagem os importadores já se eximiram de importar, ninguém vai importar petróleo por ‘x’ para vender aqui por um preço menor, não faria sentido. Lembro, aliás, que no governo Dilma [Rousseff], quando isso ocorreu, e ocorreu durante um bom tempo, a Petrobras é que ficou encarregada de fazer isso [vender abaixo do valor de mercado], portanto foi a Petrobras que foi penalizada”, explica o economista.
“A previsão do FMI é que o PIB mundial cresça no máximo 3%, quando muito ultrapassando 3,5%. Isso mostra que as economias do mundo vão crescer muito pouco, e uma vez que cresçam pouco, a demanda por esses derivados de petróleo, e pelo petróleo, para alavancar a produção, automaticamente cai. Por isso está estagnada [a cotação do barril]”, explica.
“Aí sim nós vamos ter um problema na alta dos preços, justamente porque ali praticamente escoam 30% da produção do petróleo consumido do mundo. […] realmente aí nós teríamos um impacto significativo ou provavelmente maior do que o da guerra da Ucrânia, que ultrapassou US$ 120 [o valor do barril do petróleo Brent]. E para as economias do mundo já colapsadas seria uma situação muito conflitante.”
“O ministro de Minas e Energia [Alexandre Silveira] está fazendo uma força-tarefa justamente para acompanhar os preços e, se houver um risco de aumento por causa do conflito, fazer compras de contratos futuros a preços mais baixos, para assegurar o fornecimento a um preço mais baixo. Caso não tenha necessidade, ele vende esses contratos futuros mais para frente com preço maior e ainda tem uma lucratividade em cima disso.”
Como a situação pode impactar a popularidade de Lula?
“O governo está diante de um dilema, se aumenta o preço do petróleo. Certamente […] isso acaba por exercer pressão sobre a inflação, o que é ruim, e também é ruim sobre a popularidade do governo, sem dúvida nenhuma. Por outro lado, não aumentar significa tornar a condução da política macroeconômica muito mais difícil, portanto acho que o impacto vai ser, no final das contas, ou uma maior inflação, se o governo decidir pelo aumento de preços, ou então uma dificuldade maior em termos de condução da política fiscal do país”, explica Rochlin.
“A questão fiscal, isso sim pode ser atribuído diretamente ao governo. O governo deveria fazer uma reforma administrativa, cortes significativos dentro do governo, elencar os projetos prioritários para que tenha a redução do déficit público; isso deveria ter sido feito. Eu acho que são duas coisas completamente desconexas [os preços do petróleo e a crise fiscal]. Lógico que dão impacto econômico, mas praticamente em uma o governo não tem gerência nenhuma. Na outra ele tem gerência e tem que realmente trabalhar nesse sentido, fazendo uma gestão maior nas questões das contas públicas, e cobrar do Congresso a sua aprovação sem contrapartidas. Porque não adianta nada você colocar projetos significativos, que vão trazer melhora para a população, se o próprio Congresso, o centrão, cobrar por isso. Aí a conta fica cara”, conclui.
Fonte: sputniknewsbrasil