Especialistas explicam estratégia de como os EUA recrutam ‘bucha de canhão’ para a Ucrânia


O Serviço de Inteligência Externa (SVR, na sigla em russo) da Rússia afirmou em um comunicado de terça-feira (9) que as empresas militares privadas dos EUA estão recrutando membros do crime organizado do México e da Colômbia, que estão cumprindo pena em prisões dos EUA, para participar do conflito na Ucrânia ao lado de Kiev.
“O primeiro lote de bandidos está programado para ser enviado à linha do front no verão deste ano. O grupo será composto por várias centenas de mexicanos e colombianos. Se eles aceitarem a ‘viagem de negócios’, será prometida a eles anistia total, com a expectativa de que nunca mais retornem”, detalha o SVR.
O serviço de inteligência russo acrescentou que “os EUA estão recorrendo a métodos cada vez mais desesperados” em sua tentativa de mudar a situação no campo de batalha, reabastecendo as fileiras do Exército ucraniano com pessoas “propensas à violência armada”.
Soldado dos EUA do 2º Batalhão, 10º Regimento de Fuzileiros Navais, do lado de fora de um Sistema de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade M142, conhecido pelo acrônimo Himars, durante o exercício militar Nordic Response 24, em 8 de março de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 10.04.2024

Tal ocorre em um momento em que Kiev está enfrentando sérios problemas para conseguir novos recrutas, já que muitos de seus cidadãos fazem de tudo para evitar ir para o campo de batalha. Recentemente, foi aprovado um novo projeto de lei para mobilizar mais homens para o combate.

EUA se alimentam de mercenários, diz especialista

Humberto Morales, especialista em Leste Europeu e relações Rússia-México da Universidade Autônoma de Puebla, México, falando à Sputnik, acredita que não seria estranho se assassinos do crime organizado colombiano ou mexicano fossem “recrutados” para lutar em nome das tropas ucranianas, dado o histórico dos EUA de recrutar mercenários como estratégia em diferentes guerras das quais participa em todo o mundo.
Por sua vez, Felipe Mendoza, analista e consultor político colombiano, afirmou à Sputnik que há “um número significativo” de colombianos extraditados e cidadãos colombianos cumprindo penas por tráfico de drogas nos Estados Unidos.
“Uma parte desses prisioneiros é composta pelas famosas ‘mulas colombianas’ [pessoas que transportam drogas contrabandeadas em seus próprios corpos ao longo de rotas comerciais], que têm sido a ponta de lança para a exportação de substâncias ilícitas para os Estados Unidos“, disse ele.
De acordo com dados do Escritório Federal de Prisões dos EUA, há um total de 12.511 mexicanos nas prisões americanas e 1.447 colombianos. As pessoas de origem mexicana perfazem 8% da população carcerária dos EUA, com 8%, e os de origem colombiana compõem 0,9%.

Empresas privadas e bucha de canhão

O Pentágono não contrataria membros dos cartéis de drogas diretamente. Ele o faria por meio de empresas privadas para que, dessa forma, “o governo dos EUA fizesse vista grossa”, explica Morales.
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“Quantos recrutas [os cartéis] podem ter? Não muitos. E não sei o quanto eles podem ser úteis para as forças ucranianas, que estão praticamente sitiadas”, observa Morales, duvidando da capacidade de tal estratégia, que chamou de “bucha de canhão”, funcionar.
Mendoza observa que o recrutamento de criminosos é uma técnica de guerra que fornece “bucha de canhão”, pois os exércitos se voltam para pessoas com altos níveis de vulnerabilidade ou necessidade.
Ao mesmo tempo, libertar criminosos que trabalharam para o crime organizado das prisões dos EUA e oferecer-lhes liberdade ou redução de penas em troca de irem para a Ucrânia pode ser complicado em termos burocráticos, pois exigiria vários procedimentos perante os tribunais dos EUA, concorda Leonardo Silva, ex-agente da Agência Antidrogas (DEA, na sigla em inglês) dos EUA, em declarações à Sputnik.
Ele também crê não ser razoável confiar que um criminoso manteria sua palavra de nunca mais voltar aos Estados Unidos.
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Fonte: sputniknewsbrasil

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