Testamos o combustível da Porsche que quer salvar 1,3 bilhão de carros


Que o mundo caminha a passos largos em direção aos veículos elétricos, você já sabe. Mas existe uma marca trabalhando (e investindo milhões de dólares) para tentar “salvar” os carros a combustão: a Porsche. A fabricante alemã já produz no Chile um combustível sintético – de forma simplificada – a partir do hidrogênio (proveniente da quebra das moléculas da água) e do dióxido de carbono (CO2) presente na atmosfera.

O resultado é o e-metanol, que ainda passa por diversos processos para finalmente dar origem ao eFuel. E os beneficiados não seriam só os automóveis: a alquimia ainda pode resultar em querosene e diesel limpos para serem usados em aviões e barcos, por exemplo. Esses combustíveis permitem uma operação quase neutra em CO2 dos motores de combustão e, segundo a Porsche, é tão eficiente em termos de consumo e desempenho quanto a gasolina “normal”.

A subsidiária brasileira da Porsche importou 500 litros do combustível sintético para demonstração no Brasil. Autoesporte andou cerca de 100 km a bordo de um 718 Boxster T e podemos afirmar que nenhum comportamento muda em relação à gasolina convencional: sem luzes amarelas no painel, sem vibrações estranhas e com o mesmo nível de consumo. O cupê esportivo, inclusive, fez média acima dos 9 km/l no trajeto com partes urbanas (trânsito da capital paulista) e rodoviárias.

Só não conseguimos aferir os números de desempenho, mas a Porsche garante que os parâmetros de 0 a 100 km/h e retomadas são iguais. A marca alemã também afirma que nenhum motor vai precisar passar por adaptações mecânicas para receber o eFuel.

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Atualmente, a Porsche só usa composto em eventos e competições internas. Um obstáculo ainda é o custo da transformação do CO2 e hidrogênio em combustível (cerca de quatro vezes maior que o do combustível fóssil). Hoje o preço ficaria inviável para o consumidor.

Outro “problema” é a escala de produção. A fábrica em Punta Arenas (Chile) produz “apenas” 130 mil litros por ano. Até 2026, espera-se que a capacidade atinja 55 milhões de litros ​​e, em 2028, supere os 550 milhões de litros anuais.

Para isso, há estudos a fim de implementar outras unidades para fabricar o combustível sintético em mais lugares do planeta, como Estados Unidos e Austrália. O Brasil também aparece na lista por sua enormidade de fontes renováveis – e grande potencial eólico.

A própria Porsche, no entanto, aposta nos automóveis elétricos. O objetivo da fabricante é que, até 2030, 80% do portfólio seja de carros movidos por baterias. Atualmente a marca tem o Taycan (e sua versão perua) e o recém-lançado Macan. Ano que vem surge uma opção elétrica do Cayenne.

A marca diz que o objetivo a longo prazo também é suprir os 1,3 bilhão de carros a combustão que ainda estarão rodando ao redor mundo mesmo com o advento da eletrificação. Com restrições e legislações cada vez mais pesadas sobre motores na Europa, o combustível sintético aparece como uma solução alternativa, já que tem um nível de emissão de poluentes infinitamente menor que os derivados de petróleo.

A escolha de um pequeno país na América do Sul para instalar a primeira fábrica de combustível sintético da Porsche não foi à toa. O Chile, principalmente na região mais ao sul, oferece condições ideais para a produção, com o vento soprando cerca de 270 dias por ano (quatro vezes que na Alemanha, por exemplo).

Assim, permite que as turbinas eólicas funcionem em plena capacidade e gerem energia suficiente para transformar o CO2 e a água em e-metanol. A Porsche fala que, para fazer um litro do combustível, são necessários 16 kWh de energia – uma quantidade considerável.

Punta Arenas também está localizada perto do Estreito de Magalhães. A partir do porto de Cabo Negro, o eFuel sintético pode ser transportado tal como os combustíveis tradicionais e ser distribuído utilizando a infraestrutura existente.

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Fonte: direitonews

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