Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – Após sustentar leves perdas durante a maior parte do dia, o dólar à vista fechou a quinta-feira em leve alta ante o real, em sessão marcada por uma busca por ativos de maior risco após a divulgação de números mais fracos que o esperado do mercado de trabalho dos EUA, mas de recuperação para a moeda norte-americana no período da tarde.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,0526 reais na venda, em alta de 0,21%.
Às 17h23, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,04%, a 5,062 reais na venda.
Desde a tarde de quarta-feira já havia no mercado uma percepção mais positiva em relação à política monetária dos EUA, após a divulgação de dados do setor de serviços norte-americano e de declarações do chair do Federal Reserve, Jerome Powell.
Durante um evento, Powell afirmou que há riscos de se cortar os juros muito cedo, mas também de se esperar demais. Ao mesmo tempo, afirmou que a política monetária está apertada e funcionando e que o mercado de trabalho está se reequilibrando.
Com as palavras de Powell, o dólar já havia recuado ante o real na quarta-feira, em meio à percepção de que o Federal Reserve cortará de fato os juros ainda em 2024.
Nesta quinta-feira, dados do mercado de trabalho dos EUA contribuíram para a continuidade deste movimento. O Departamento do Trabalho informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 9.000 na semana encerrada em 30 de março, para 221.000 em dado com ajuste sazonal. Economistas consultados pela Reuters previam 214.000 pedidos na última semana.
Este cenário favoreceu a busca de ativos de maior risco em todo o mundo, o que fez o dólar recuar ante o real. Após subir no início da sessão, o dólar à vista marcou a mínima de 5,0048 reais (-0,73%) às 12h47, já após os dados de auxílio-desemprego.
“O pessoal está repercutindo o Powell que, apesar dos dados fortes de inflação e atividade, manteve o tom dizendo que está olhando os números para cortar juros, mantendo inclusive a possibilidade de corte no curto prazo”, avaliou Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.
Operador ouvido pela Reuters pontuou ainda que as notícias de que os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa, concordaram sobre pagamento de dividendos extraordinários da Petrobras animou os mercados de modo geral, o que favoreceu a busca por ativos de maior risco no Brasil, como ações. Segundo ele, isso também contribuiu para o sinal negativo do dólar ante o real.
Durante a tarde, porém, o dólar recuperou força em relação às demais divisas, incluindo o real. Às 16h51, o dólar à vista foi cotado a 5,0549 reais (+0,26%), na máxima da sessão. O movimento ocorreu em meio a certa tensão militar no exterior entre Israel e Irã.
Às 17h23, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,01%, a 104,210.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de junho.
Durante a tarde, o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total positivo de 1,752 bilhão de dólares em março, com saídas líquidas de 5,540 bilhões de dólares pelo canal financeiro e entradas líquidas de 7,292 bilhões de dólares pela via comercial.
Fonte: noticiasagricolas