Copa do Mundo, Champions League, Seleção… Quando os mundos do automóvel e do esporte se encontram, geralmente é pelos caminhos do futebol. Há diversos carros alusivos a competições do esporte bretão. A Kia trilha um percurso alternativo com a série limitada Rio Open, tradicional torneio de tênis disputado no Rio de Janeiro. A marca coreana, diga-se, é patrocinadora do evento.
O Kia Niro Rio Open é tão raro quanto o talento de Novak Djokovic. São apenas cem unidades para todo o país. Porém, o preço é digno de dupla falta: R$ 225.790.
Não é a primeira vez que carros e tênis se encontram nas ruas (e quadras). A Peugeot, tempos atrás, tinha versões Roland Garros, em menção a um dos quatro torneios Grand Slam (junto com US Open, Wimbledon e Australian Open), os mais importantes do esporte de raquete. Claro que a Kia não tem nem volume (de jogo) para incomodar os grandes players — o SUV não aparece nem entre os 40 mais vendidos do segmento. O Sportage, maior e mais caro, até vende mais. Por sua vez, pode ser considerado um jogador subestimado: não tem o destaque que merece.
Primero, porque o approach do Niro é diferente. Apesar de a edição limitada não ter grandes mudanças visuais (há apenas um badge na traseira e o tom vermelho metálico, exclusivo), o SUV impressiona pela estética, a mais diferente do segmento.
Também é tão eficiente quanto o saque e voleio. Mérito do motor híbrido em série (igual ao da dupla Toyota Corolla e Corolla Cross), que une o 1.6 litro aspirado a gasolina com injeção direta a um propulsor elétrico. A interação entre os dois é de bate-pronto e o motorista não precisa se preocupar com a energia das baterias, já que o próprio carro faz a recarga. Afinal, o Niro não é um híbrido plug-in, portanto não carrega na tomada.
A grande jogada é o consumo de combustível, que chega a 17,7 km/l na estrada e 19,8 km/l na cidade, segundo o Inmetro. Sim, em trajetos urbanos a parte elétrica entra mais em ação e registra uma média melhor do que em rodovias, onde o motor 1.6 é mais solicitado.
Os números de potência e torque, por sua vez, são “curtinhos”: 141 cv e 27 kgfm. Assim, o desempenho não é tão rápido quanto jogar em quadra de grama. O zero a 100 km/h leva 10,8 segundos e as retomadas de velocidade são vagarosas.
Isso não tira o brilho do SUV, que tem força suficiente para andar nas ruas. A suspensão faz ótimo trabalho, filtra bem as imperfeições do asfalto, sem batidas secas e sem chacoalhar os ocupantes. Isso sem falar no belíssimo isolamento acústico. A direção elétrica tem bom peso, não transmite sensação de insegurança. O volante de dois raios é um charme à parte, um lob na concorrência.
O Niro traz borboletas, que aqui fazem um jogo de duplas. No modo Eco, ajustam a intensidade da regeneração de energia por meio da frenagem. Em descidas ou desacelerações, quando se levanta o pé do acelerador, um inversor conectado às rodas dianteiras gera energia para a bateria. A intensidade dessa recarga (em três níveis) é selecionada nas aletas e é quase um freio-motor ajustável. No modo Power, trocam normalmente as marchas do câmbio de dupla embreagem com seis marchas.
No dia a dia, no modo máximo de regeneração, a tocada do Niro lembra os carros com e-pedal e dá para conduzir o SUV usando só o acelerador. Quando se levanta o pé do pedal da direita, o carro praticamente ancora, especialmente em velocidades baixas. Aí é só questão de adaptação (ou muito remédio para enjoo).
O break point vem no espaço interno. Apesar de ter só 4,42 metros de comprimento, o entre-eixos de 2,72 m (o Corolla Cross tem 2,64 m) garante boa área para os passageiros de trás. Há ainda saída de ar dedicada e duas portas USB-C posicionadas intrigantemente na lateral do encosto dos bancos da frente.
Dentro, o acabamento é um smash em relação ao segmento, com materiais de qualidade e agradáveis à visão e ao tato. O painel de instrumentos digital e a central multimídia (de 10,25″) à la MBUX, da Mercedes, compõem bem o interior. Os grafismos, principalmente da central, chamam a atenção, assim como duas funções: gravador de voz e áudios de sons da natureza, como canto de grilos, ondas do mar e dias chuvosos. Para quê? A Kia diz que é para nos acalmar em meio ao trânsito pesado. Ok…
O Kia Niro Rio Open é baseado na versão mais cara, SX Prestige, mas vem mais recheado. Destaque para os bancos dianteiros com ventilação, o do motorista com memória e o do passageiro com ajuste de relaxamento. Teto solar, carregador por indução e ar-condicionado de duas zonas já vêm de série.
O erro forçado é o preço. O carro chegou por R$ 222.790, foi a R$ 231.790 e agora está em promoção por R$ 225.790. Mesmo assim, são R$ 15 mil a mais que um Corolla Cross XRX Hybrid, de R$ 210.990. Vai ser difícil o Kia Niro algum dia ser cabeça de chave ou ganhar um game, um set ou um match…
Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.
Fonte: direitonews