Comparativo: Honda CR-V e GWM Haval H6, qual o melhor SUV híbrido?


Ditados populares não envelhecem. “Nunca diga nunca” e “O mundo dá voltas” são meus preferidos. E se encaixam perfeitamente neste comparativo de SUVs médios híbridos entre o novo Honda CR-V e o GWM Haval H6 PHEV. Há poucos anos, a vitória de um carro japonês sobre um chinês era certa, independentemente de categoria ou preço.

Pois bem: o mundo dá voltas e os chineses evoluíram. Agora temos duas ofertas parecidas e cheias de atrativos, mas separadas por quase R$ 100 mil. Será que o jogo virou para os chineses?

O Haval H6 foi lançado há exatamente um ano, em março de 2023. A versão PHEV, plug-in, que pode ser carregada na tomada, chegou por R$ 269 mil e, na contramão do mercado brasileiro, não sofreu aumento de preço até agora — nem com a volta do imposto de importação para carros eletrificados, em janeiro. Já o CR-V, que não é plug-in, após um hiato de dois anos acaba de voltar ao país em sua sexta geração, por R$ 352.900.

A diferença é de R$ 83.900. Na potência, nova vantagem (e muita) para o H6. O conjunto formado pelo motor 1.5 turbo e por dois motores elétricos de tração (um dianteiro, outro traseiro) entrega potência combinada de 393 cv e 77,7 kgfm de torque. O câmbio é automático de dupla embreagem com apenas duas marchas mecânicas. Demais relações são “preenchidas” pelos motores elétricos.

O CR-V tem o mesmo conjunto do Accord: 2.0 aspirado a gasolina, de ciclo Atkinson, com 147 cv e 19,4 kgfm, atrelado a outros dois motores elétricos. Um atua como gerador e o outro, na tração, com 184 cv e 34,2 kgfm. A potência combinada é de 207 cv — o torque combinado não foi divulgado. A transmissão também é peculiar: chama-se e-CVT e não tem caixa de câmbio propriamente. O

acoplamento entre o motor 2.0 e o diferencial tem apenas duas relações de marchas e funciona em velocidades de cruzeiro. Nas retomadas e acelerações mais fortes, a tração é sempre feita pelo motor elétrico.

O porte dos dois é parecido. O Haval tem 4,68 metros de comprimento, contra 4,70 m do novo CR-V. Na largura, o papel se inverte e a vantagem de 2 cm vai para o chinês, com 1,89 m contra 1,87 m. O SUV da GWM também tem 4 cm a mais de altura, com 1,73 m ante 1,69 m, e de entre-eixos, 2,74 m versus 2,70 m. Eu meço 1,87 metro e, sentado no banco traseiro, não tive problema de espaço para as pernas em nenhum deles, já com o assento do motorista ajustado para mim.

Nos dois casos, o túnel central é praticamente plano, o que melhora o espaço para quem vai sentado no meio. Em comum, oferecem saídas de ar-condicionado e duas entradas USB-C para os ocupantes traseiros.

No passado, carros chineses ganharam a fama (com muita justiça) de ter acabamento de baixa qualidade. Até o plástico usado em painéis e portas deixava a desejar. Em relação ao Haval H6, não podemos dizer isso.

Os materiais são muito bons, sensíveis ao toque, e toda a parte superior do painel é emborrachada. Evocando os chineses do passado — com bem menos exagero, é verdade —, o SUV traz detalhes cromados na cabine que dão muito reflexo em dias de sol e podem ofuscar a vista do motorista.

Por outro lado, o console central é vazado no estilo flutuante, deixando ótimo espaço para guardar objetos. Essa solução, inclusive, fez parte dos carros da Honda durante muitos anos e é interessante por dois motivos.

O primeiro é que a posição elevada do console deixa o motorista bem separado do passageiro, criando uma espécie de cockpit. Particularmente, gosto muito. O segundo é justamente o aproveitamento de um espaço que poderia ser fechado. Ali, temos duas entradas USB-A, para passageiro e motorista. Na parte de cima, carregador de celular por indução.

A central multimídia do H6 é um dos seus pontos fortes. A tela de 12,3 polegadas faz conexão com Apple CarPlay e Android Auto sem cabo de forma muita rápida e prática, sem contar que a qualidade da imagem é ótima. E dá para controlar várias funções do carro, inclusive o sistema de ventilação do ar-condicionado de duas zonas, por exemplo.

Para facilitar a vida no momento de estacionar, a câmera de 360 graus reproduz na tela a visão aérea do perímetro. E ainda existe um auxílio interessante: uma espécie de régua indica a distância, em centímetros, que o veículo está de algum objeto à frente ou atrás.

O CR-V também possui muita qualidade no acabamento. No painel, os materiais são emborrachados e têm aquela imitação de madeira que já vem da geração anterior, o que envelhece um pouco a cabine. O que agrada muito é a grade horizontal no estilo colmeia, que corta toda a parte central do painel e engloba as saídas de ventilação do ar-condicionado de duas zonas.

A central multimídia com tela de 9 polegadas tem conexão com Android Auto (por cabo, inexplicavelmente) e Apple CarPlay (sem fio). Aqui não há câmera com visão 360°, apenas câmera de ré com uma resolução que deixa a desejar para um carro de R$ 350 mil.

Em termos de qualidade de imagem e funcionalidades, certamente o Haval é superior. Por outro lado, a qualidade do som do SUV japonês é melhor, com sistema de áudio Premium da Bose de 12 alto-falantes.

No que diz respeito ao visual, os dois são bonitos e cheios de personalidade. O Haval caiu no gosto do brasileiro e você já está acostumado a vê-lo nas ruas, já que em 2023 foram vendidas 10.704 unidades.

A dianteira é marcada por um design agressivo, com a enorme grade de efeito 3D e faróis de LED. Nas laterais, rodas de 19 polegadas. A traseira traz lanternas de LED integradas por uma barra horizontal. Já o novo CR-V mudou muito esteticamente e ganhou um ar mais esportivo na dianteira, com a grade preta em estilo colmeia, com aberturas maiores, semelhantes às do ZR-V.

Os faróis de LED são afilados e o para-choque ficou cheio de formas para dar um aspecto agressivo. As rodas também são de 19 polegadas e a traseira é marcada por lanternas de LED parecidas com as do Volvo XC60.

Nos dois SUVs, os ajustes do banco do motorista são elétricos, mas os de altura e profundidade do volante não: ambos são manuais, por alavanca. A posição de dirigir é alta e boa, porém o conforto do banco da Honda é inegavelmente melhor. O SUV japonês não empolga os mais apressados como o seu rival, mas também não decepciona.

Nas arrancadas com o motor elétrico ele vai bem, só que o fôlego não dura tanto tempo quanto o do Haval. Mesmo assim, na nossa pista de testes, a marca de zero a 100 km/h foi feita em 8,3 segundos, o que é bom para um carro que pesa 1.819 kg. Quer ficar ainda mais surpreso? O Haval cumpriu a mesma prova em 8,2 s, mesmo com a grande diferença de potência e torque. Méritos para a Honda. Já nos tempos de retomada, o SUV chinês mostra boa dose de superioridade.

Se o Haval exibe todo o seu o vigor nas arrancadas, um problema incomoda bastante: as frenagens. O SUV pesa 2.040 kg — 221 kg a mais do que o CR-V. Ainda que o modelo seja equipado com discos nas quatro rodas, o curso do freio parece precisar de ajustes.

A impressão que dá é de que a calibragem não dá conta de suportar tanto peso. Não é uma frenagem progressiva, em que o carro reage com o aumento da carga aplicada ao pedal. Você tem de fazer força o tempo todo e não se livra de tomar alguns sustos no dia a dia. No novo CR-V isso não acontece.

O câmbio dos dois é suave e o conforto da suspensão também é ótimo pelo porte da dupla. Nas curvas mais fechadas, a rolagem de carroceria é um pouco mais sentida, porém é algo esperado. Tanto CR-V quanto H6 PHEV possuem tração integral e suspensão independente McPherson na dianteira e multibraço na traseira, que preza pelo conforto. Entretanto, o acerto do modelo japonês consegue ser superior.

Em função de problemas técnicos em nossas medições, o consumo médio do CR-V será baseado no divulgado pelo Inmetro: 14,2 km/l na cidade e 11,6 km/l na estrada. Para tornar a disputa justa, usaremos a mesma medição como parâmetro para o H6, que tem os seguintes números: 11,7 km/l (cidade) e 10,4 km/l (rodovia) só com o motor a combustão; 28,7 km/l e 25,3 km/l, respectivamente, com o elétrico junto. Somente com o elétrico em ação, são 113 km de autonomia.

O CR-V conta com autonomia máxima de 752,6 km com seus 53 litros de capacidade do tanque de combustível. O Haval, cujo tanque possui 55 litros, tem alcance de 643,5 km só com o motor a combustão e incríveis 1.578,5 km com o sistema híbrido. Em contrapartida, o sistema ADAS de segurança ativa da Honda é muito mais bem acertado e menos escandaloso que o da GWM.

*Cesta de peças: Retrovisor direito, farol direito, para-choque dianteiro, lanterna traseira direita, filtro de ar (elemento), filtro de ar do motor, jogo de quatro amortecedores, pastilhas de freio dianteiras, filtro de óleo do motor e filtro de combustível (se aplicável) **Seguro: O valor é uma média entre as cotações das principais seguradoras do país com base no perfil padrão de Autoesporte, sem bônus

VENCEDOR: GWM Haval H6

O jogo virou! Os carros chineses deixaram de ser piada e se tornaram referência na era da eletrificação. O CR-V está melhor do que nunca e com a reputação de sempre, mas a diferença de quase R$ 100 mil pesa muito. A balança do custo/benefício pende para o GWM Haval H6 PHEV: tem melhor desempenho, autonomia incrível e possibilidade de rodar só em modo elétrico.

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Fonte: direitonews

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