Apenas uma semana após ter infectado uma criação de cabras no Minnesota, a cepa agressiva do vírus H5N1 da gripe aviária chegou pela primeira vez também ao rebanho bovino dos Estados Unidos.
O Departamento de Agricultura (USDA), a vigilância sanitária
(FDA) e o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) confirmaram que vacas
leiteiras, a maioria de idade mais elevada, foram diagnosticadas com o vírus em
três fazendas do Texas e uma no Arkansas. Outro foco é investigado no Novo
México. A transmissão teria ocorrido aparentemente pelo contato com aves
migratórias, e há relatos de vários pássaros mortos em algumas granjas
leiteiras.
Diferente da infecção em aves, que exige o sacrifício dos plantéis para exterminar o vírus – desde 2022 os EUA já exterminaram 80 milhões de cabeças de frango – a gripe aviária no gado bovino desaparece entre sete e dez dias após os primeiros sintomas, que incluem cansaço, perda de apetite e acentuada diminuição da produção de leite.
USDA diz que não há risco para os consumidores
Em nota, o Departamento de Agricultura assegurou que,
nesse momento, a chegada da gripe aviária aos ruminantes não afeta a biosseguridade
dos produtos lácteos nem oferece risco à saúde dos consumidores.
“Os laticínios são obrigados a enviar apenas leite de animais saudáveis para processamento para consumo humano; o leite dos animais infectados está sendo desviado ou destruído, de forma a não entrar no sistema de abastecimento. Além disso, a pasteurização tem comprovado continuamente a inativação de bactérias e vírus, como a gripe, no leite. A pasteurização é necessária para qualquer leite que entre no comércio interestadual”, disse o USDA.
Em nota conjunta, associações que representam pecuaristas e a indústria láctea americana reafirmaram que os cuidados sanitários asseguram a qualidade do leite que chega aos consumidores. “Os animais afetados são separados do rebanho, como é a prática comum em qualquer situação de suspeita de doença, e esse leite não entra na cadeia de fornecimento. Os consumidores americanos e de todo o mundo podem confiar na segurança e na qualidade da indústria láctea dos EUA”, afirmaram.
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Americanos temem que países suspendam importações
Adiantando-se
a eventuais preocupações dos consumidores, a Associação Nacional dos Criadores
de Gado de Corte (NCBA) emitiu um comunicado informando que a doença não afeta
o setor de carnes, mas que, mesmo assim, as medidas de vigilância sanitária
foram reforçadas nas fazendas e ranchos.
Julie Anna
Potts, CEO do Instituto da Carne, que representa a indústria, pediu às
autoridades de Washington que atuem para evitar qualquer interrupção no
comércio internacional. E lembrou que a gripe aviária “não é transmitida aos
seres humanos por meio da ingestão de carne vermelha ou de frango”.
Os Estados Unidos são o terceiro maior produtor mundial de leite, com 103 milhões de toneladas anuais, praticamente quatro vezes a produção brasileira, de 25 milhões de toneladas (USDA).
Brasil não tem registro de H5N1 em plantéis comerciais
Os primeiros casos de gripe aviária H5N1 no Brasil foram registrados em maio do ano passado. Desde então, já houve 158 focos, a maioria em aves silvestres e alguns em criações de subsistência. Não há até hoje registro da doença em aves de produção comercial no Brasil. O país é o maior exportador mundial de carne de frango, com recorde de 5,13 milhões de toneladas embarcadas em 2023.
Dados atualizados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que, desde 2003, foram registrados 887 casos de infecção em humanos por H5N1 em todo o mundo, com 462 mortes, em 23 países. Apesar do alto índice de letalidade, de 52%, o contágio de seres humanos não é comum e costuma estar associado ao contato com aves doentes ou mortas.
Fonte: gazetadopovo