Neste 2024, Autoesporte completa 60 anos — uma marca absolutamente invejável e raríssima para uma revista especializada no Brasil. Por isso, vamos aproveitar este espaço para contar, neste e nos próximos meses, algumas curiosidades da publicação colhidas diretamente do Museu da Imprensa Automotiva (Miau), que possui em seu acervo todas as edições de AE.
Seria mais do que plausível considerar que essa grande coleção, formada por quase 700 edições, começou na número 1, a de novembro de 1964. No entanto, por incrível que pareça, ela se iniciou ainda antes, com uma lendária edição número zero. Mas que diabos seria uma edição número zero?
Antigamente, quando uma nova revista estava em vias de chegar às bancas, era normal produzir-se uma espécie de edição teste antes da número 1. Ela era batizada como número zero para apresentar o novo título ao mercado publicitário, demonstrando fisicamente como seria aquela nova revista para os potenciais anunciantes.
Mais interessante ainda é que, assim como ocorre na TV, quando são gravados programas-piloto antes do primeiro episódio de uma série, nem sempre a revista número 1 tem necessariamente o mesmo conteúdo da edição número zero.
E isso aconteceu com Autoesporte. Ainda que a capa (lindíssima, por sinal) da número zero seja praticamente idêntica à da número 1, o conteúdo interno acabou por ser muito diferente.
Uma das razões para isso é que a número zero saiu dois meses antes da número 1, em setembro de 1964. Como a revista, no início, dedicava-se exclusivamente ao automobilismo de competição, a número 1 trouxe a cobertura de diversas provas realizadas depois da publicação da número zero, ou seja, entre setembro e novembro.
Um ótimo exemplo disso é uma reportagem sobre o GP dos Estados Unidos de Fórmula 1, em Watkins Glen, disputado em outubro de 1964, com Jim Clark na pole e vitória de Graham Hill. O evento mereceu cobertura in loco de Autoesporte — algo espantoso naqueles tempos. Essa foi a reportagem de abertura da edição 1, que, é claro, não saiu publicada na edição zero.
Só duas matérias da número zero foram reaproveitadas na número 1, ainda assim com diferenças. A primeira, com o perfil do estreante carro da Honda na Fórmula 1, estava mais “recheada” na edição zero, ou seja, com mais texto e fotos, pois na número 1 o espaço a ela destinado precisou ser reduzido devido à necessidade de acomodar um anúncio que ocupou um terço da página.
A outra foi um caso parecido: uma reportagem sobre a primeira prova de Seis Horas de São Paulo foi publicada em três páginas na zero, mas acabou sendo reduzida para duas páginas na número 1.
Mas… poxa, então quer dizer que todos os artigos ficaram menores quando a revista finalmente chegou às bancas para todos os leitores? Não necessariamente. Outra boa diferença foi no tamanho: enquanto a edição zero teve, ao todo, somente 52 páginas, a 1 foi maior, com 76.
Assim, se a zero trouxe seis reportagens, um artigo, um teste e três seções, a 1 já foi publicada, logo de cara, muito mais completa, com nove reportagens, dois artigos, um teste e cinco seções. Sorte dos leitores!
Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.
Fonte: direitonews