“A questão deve ser dirigida àqueles que serviram de motivo para tal declaração do parlamento peridnestroviano. Em primeiro lugar, o regime que se instalou em Chisinau está simplesmente seguindo os passos do regime de Kiev, abolindo tudo o que é russo, discriminando a língua russa em todas as esferas e, juntamente com os ucranianos, impondo uma séria pressão econômica sobre a Transnístria”, disse o chanceler.
O que está acontecendo na Transnístria?
Quais os impactos do pedido de ajuda à Rússia?
“Existem tropas russas, desde a declaração de independência, guardando e protegendo o território da Transnístria. E agora, com esse cenário, desde o momento em que tem ali o crescimento do fascismo na Ucrânia, com a deposição de [Víktor] Yanukovych, a gente já sabia que o passo adiante dos fascistas de Kiev seria também marchar em direção à Transnístria para varrer o passado russo, o passado soviético daquele local. No início do conflito ali, você tem a Transnístria acompanhando a situação, observando essa situação com cuidado”, explica Braga.
“No momento que eu tenho a escalada do conflito da Ucrânia, no momento em que eu tenho a OTAN, se, de fato, quiser escalar o conflito, enviando não apenas armas, mas tropas para dentro da Ucrânia, aí a gente pode ter outro front de combate”, explica o especialista.
“O fato de a economia russa estar indo bem, as sanções não estarem fazendo efeito, as articulações da Rússia no BRICS, isso tem sido extremamente positivo para a Rússia. E a Transnístria, obviamente, está observando isso, está aproveitando esse momento para fazer pressão. E a outra conjuntura é a conjuntura local. A situação da Moldávia sempre foi delicada. A Moldávia vive uma crise eterna com o fim da União Soviética, e a Transnístria é mais organizada nesse sentido. As estruturas sociais da Transnístria permitem que ela ouse, mesmo com uma independência que não é reconhecida, mas de fato existe desde 1990. Então acredito que a Transnístria está aproveitando esse momento para lançar esse pedido à Rússia, mas com o intuito também de ser observada pelo mundo todo.”
O Ocidente pode usar a disputa para desestabilizar a Rússia?
“Eu acho isso pouco provável, a não ser que a situação escalasse internamente, um cenário de dura repressão contra a Transnístria. Obviamente [isso] iria obrigar os russos a agirem, como já agiram uma vez [na Ucrânia]. Mas, hoje, eu acho que a situação vai ficar no campo político, diplomático, e acredito que a Rússia vai fazer uma ofensiva diplomática maior do que fez até hoje [na Transnístria]. Porque hoje há um pedido de socorro, de fato”, diz Pitillo.
“Essas populações vão ser perseguidas, estigmatizadas. Essas ex-repúblicas soviéticas ficaram numa situação muito difícil com o fim da União Soviética. O neoliberalismo chegou nessa região de maneira muito cruel. Então esses desníveis sociais tendem a aflorar, e a questão da solidariedade à Rússia tende a aumentar, principalmente pela conjuntura de Sul Global, porque a questão não é mais a Rússia. A Rússia, hoje, participa de um projeto muito maior, que questiona essa governança global, questiona o imperialismo. Então há a possibilidade de ‘novas transnístrias’ surgirem na região é muito grande”, conclui o especialista.
Fonte: sputniknewsbrasil