Teste: novo Honda CR-V tem tudo para peitar os SUVs chineses, menos preço


O novo Honda CR-V chega ao Brasil por R$ 352.990 em versão única: Advanced. E, assim como Civic e Accord, também vira híbrido. Se os sedãs ainda não deslancharam nas vendas, a missão do SUV é, sem dúvida, a mais difícil do trio da marca japonesa. A concorrência para ele é mais forte, principalmente com as chinesas GWM e BYD, que estão investindo com muito êxito nos SUVs híbridos Haval H6 e Song Plus — falaremos deles mais adiante.

A nova geração do CR-V retorna ao Brasil exatamente dois anos após ter saído de linha: em fevereiro de 2022. Foram apenas 72 vendas nos dois primeiros meses daquele ano e uma despedida discreta, sem deixar saudades. Se a vida do SUV já era complicada naquela época, agora as coisas estão muito mais difíceis.

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Antes importado dos Estados Unidos, novo CR-V virá agora da Tailândia. Volta com mais personalidade e bons argumentos para convencer o público de que ainda tem espaço por aqui, mesmo custando bem mais caro do que os principais rivais. O SUV médio troca o visual conservador por um design mais chamativo, engloba sistema híbrido, traz um excelente pacote de segurança e, claro, se veste com a confiança e boa fama — mais do que justa — de ser um Honda, e não uma marca recém-chegada ao país.

No visual, a dianteira está com um ar mais esportivo. A grade é preta e no estilo colmeia, com aberturas maiores, semelhantes às do ZR-V. Os faróis de LED são afilados e o para-choque é cheio de formas para dar um aspecto mais agressivo.

Nas laterais, as rodas são de 19 polegadas — e não mais aro 18 — e a traseira é destacada por um jogo visual curioso. Quando a tampa do porta-malas de 581 litros está aberta, a peça da lanterna de LED que fica na vertical parece a do extinto Fit. Para não dizer que isso é ilusão minha, outras duas pessoas também fizeram essa observação.

Já com a tampa fechada e a peça completa, as lanternas são bem semelhantes às do Volvo XC60. Vale ressaltar que o SUV tem apenas uma saída de escapamento, do lado direito. A do lado esquerdo é apenas para efeito visual.

Em relação ao tamanho, a sexta geração do CR-V ficou maior do que a anterior. São 4,70 metros de comprimento (+ 7 cm), 1,87 m de largura (+1 cm), 1,69 m de altura (+1 cm) e 2,70 m (+4 cm) de entre-eixos. O porta-malas, já citado, também ficou quase 60 litros maior.

O motor 1.5 turbo dá lugar ao mesmo conjunto do Accord: 2.0 aspirado a gasolina de ciclo Atkinson, com 147 cv e 19,4 kgfm, combinado a outros dois motores elétricos. Um deles atua como gerador e o outro é de tração, com 184 cv e 34,2 kgfm. A potência combinada do SUV é de 207 cv, segundo a Honda, entretanto, o torque máximo não é revelado.

Uma diferença importante em relação ao Civic e ao Accord, é que o CR-V tem tração nas quatro rodas. Já a transmissão é da família e:HEV de híbridos da Honda, que não tem uma caixa de câmbio propriamente e se chama e-CVT. O acoplamento entre o motor 2.0 e o diferencial tem apenas duas relações de marchas e funciona a velocidades de cruzeiro. Nas retomadas e acelerações mais fortes, a tração é sempre feita pelo motor elétrico.

Na lista de equipamentos, podemos destacar os dez airbags (frontais, laterais dianteiros, laterais traseiros, de joelhos e de cortina), som premium Bose, ar-condicionado digital de duas zonas, central multimídia com tela de 9 polegadas e conexão de Android Auto (por cabo) e Apple CarPlay (sem fio), câmera de ré, quadro de instrumentos digital de 10,2 polegadas, carregador de celular por indução, porta-malas com abertura elétrica e sensor nos pés, e teto solar panorâmico.

Em termos de segurança, ainda há o pacote Honda Sensing, que inclui controlador de velocidade adaptativo, frenagem automática de emergência, alertas de objeto no ponto cego, saída de faixa com centralização no volante e de atenção do motorista e farol alto com facho automático.

No painel, os materiais são emborrachados e aquela imitação de madeira que já vem da geração anterior permanece — isso envelhece o carro. Para motorista e passageiro, os ajustes de posição do banco são elétricos, mas os de altura e profundidade do volante não: ambos são manuais, por uma alavanca. Além do carregador de celular por indução, temos duas entradas USB (sendo uma do tipo C) e uma tomada de 12V.

O CR-V é um clássico SUV familiar de cinco lugares, com espaço de sobra para todo mundo. Mesmo com o banco do motorista ajustado para uma pessoa da minha altura, de 1,87 m, os ocupantes de trás viajam com bastante conforto para as pernas. O túnel central quase plano contribui para o espaço de quem vai no meio. Há saídas do ar-condicionado e duas entradas USB-C na traseira.

A posição de dirigir é alta e o banco do motorista, confortável. O SUV não chega a empolgar os mais apressados, mas também não decepciona. Nas arrancadas com o motor elétrico, ele vai muito bem, porém o fôlego não dura tanto tempo. Mesmo assim, na nossa pista de testes, a marca de 0 a 100 km/h foi feita em 8,3 segundos, o que é surpreendente para um carro que pesa 1.819 kg. A velocidade máxima é de 187 km/h.

Eu costumo dizer que a Honda — e as fabricantes japonesas em si — investem muito em dinâmica e conforto (com sucesso), mas deixam a desejar na conectividade e outros itens tecnológicos que hoje são fundamentais na hora de escolher um carro novo.

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Por exemplo, para funções básicas do dia a dia, como uma manobra, a qualidade da imagem da câmera de ré é muito ruim para um carro de R$ 350 mil. O mesmo vale para a central multimídia: mesmo tendo uma melhoria considerável nos carros da Honda nos últimos anos, ainda deixa muito a desejar. Rivais mais baratos (falaremos em breve) oferecem sistemas bem mais avançados.

O alerta de ponto cego da Honda, chamado de LaneWatch, é diferente dos convencionais. Quando o motorista aciona a seta para o lado direto, automaticamente uma imagem em tempo real de toda a lateral do carro é projetada na tela da multimídia por uma câmera posicionada no retrovisor. Além da função em si ser estranha, a resolução da imagem é baixíssima.

E se você estiver seguindo um GPS, o espelhamento será interrompido até a seta ser desativada (ou você apertar um botão na extremidade da chave de seta), o que também não agrada. Caso o motorista prefira — como é o meu caso — dá para desabilitar essa função na central multimídia, mas aí você fica sem qualquer auxílio de ponto cego.

Agora vai um elogio que também sempre ressalto nas fabricantes japonesas: a suspensão. O CR-V tem um conforto muito bom para seu porte. mesmo em curvas mais fechadas, a rolagem de carroceria é muito bem controlada. Assim como na geração passado, o SUV mantém a suspensão Independente McPherson na dianteira e multibraço na traseira.

Há pouca diferença de desempenho entre os três modos de condução (Normal, Sport e Eco). Algo comum dos carros híbridos e elétricos é que as borboletas do volante têm outra função: regenerar as baterias e não trocar de marchas. Como essa transmissão e:CVT tem apenas duas relação, usar a borboleta é um ótimo aliado para o motorista otimizar o consumo.

Segundo o Inmetro, o novo Honda CR-V tem médias de 14,2 km/l na cidade e 11,6 km/l na estrada, sempre abastecido com gasolina. Levando em consideração que o tanque de combustível tem 53 litros de capacidade, a autonomia do modelo chega a 752,6 km.

Os principais rivais do Honda CR-V oferecem equipamentos, espaço, tecnologias e números de desempenho muito semelhantes, mas custam bem menos. Por exemplo, o GWM Haval H6 PHEV, híbrido plug-in, custa R$ 269.000 (R$ 83.990 a menos), enquanto o BYD Song Plus, que também é um híbrido com recarga externa, sai por R$ 229.800 (R$ 123.190 a menos).

Parecido com o CR-V, em preço, apenas o velho concorrente Toyota RAV4, e que ainda assim é um pouco mais em conta (R$ 349.290). E que passa longe de vender bem como no passado.

Autoesporte fez um comparativo entre Song Plus e Haval H6. Para ver todos os detalhes, clique aqui.

Ano passado foi marcado por um volume de vendas baixíssimo do Honda Civic híbrido, com apenas 475 unidades. De acordo com a marca, problemas de importação da Tailândia foram solucionados e o volume deve crescer neste ano.

Dito isso, a Honda diz que o CR-V não terá esse mesmo problema e o SUV será distribuído por todas as concessionárias do país, com número suficiente de unidades disponível — embora não revele o volume. E convenhamos: a expectativa de vendas do SUV não é das mais altas.

O CR-V não deixa nada a desejar para os rivais chineses citados. Pelo contrário! É um projeto mais maduro e ainda tem uma marca muito mais forte por trás. Porém, a diferença de preço é muito considerável. O SUV viveu seu auge no Brasil em 2010, com 18.751 vendas. Claro que expectativa atual é muito abaixo disso e o cenário do país naquela época era outro, com muito menos concorrência. Mas me arrisco a dizer que, apesar de toda a tradição, o preço vai pesar muito e o novo Honda CR-V tem grandes chances de sofrer nas vendas como o Civic sofreu. Os próximos meses dirão.

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Fonte: direitonews

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