O novo número dois da Abin se debruçou nos últimos anos, segundo informações do jornal O Globo, em temáticas como tutela militar, a indevida politização da aplicação da lei de segurança, e o insuficiente controle externo das atividades de inteligência, assim como a relação desses fatores, que poderiam representar preocupações durante a gestão de Jair Bolsonaro.
Em um de seus artigos, Cepik aponta a quantidade de militares em cargos no governo federal — cerca de 6.157, segundo levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU) — e como isso poderia resultar em problemas de obediência hierárquica.
“Isto levanta preocupações sobre o potencial uso indevido de componentes de inteligência obrigados pela hierarquia e lealdade na aplicação da lei e nas Forças Armadas“, escreveu Cepik no artigo intitulado “Intelligence and Security Services in Brazil: Reappraising Institutional Flaws and Political Dynamics” (Serviços de Inteligência e Segurança no Brasil: Reavaliando Falhas Institucionais e Dinâmicas Políticas), publicado no The International Journal of Intelligence, Security, and Public Affairs, conforme informou O Globo.
Segundo a mídia, o pesquisador também tem atentado para situações que englobam relações secretas e sem controle externo de agências do Estado com entidades paraestatais, governos estrangeiros e empresas.
Além disso, trabalhos envolvendo o impasse entre a Abin e o governo Bolsonaro foram publicados por Cepik, nos quais o pesquisador cita o caso dos relatórios secretos da Abin que alertavam para a seriedade da crise que poderia ser desencadeada pela COVID-19 e que contrastavam com a conduta do ex-presidente da República.
Conforme a Abin, Cepik ocupava desde abril de 2023 o cargo de diretor da Escola de Inteligência (Esint), que forma e capacita profissionais da Abin. O novo diretor adjunto do órgão é um dos principais especialistas do Brasil nas áreas de segurança internacional e política comparada. O professor fez parte do grupo de transição do governo e propôs mudanças na Abin, entre elas a desmilitarização do órgão.
Troca acontece após operação da PF
Cepik vai substituir Alessandro Moretti, exonerado após a operação da Polícia Federal (PF) que investiga a tentativa de obstrução, por parte do antigo adjunto, da investigação de espionagem ilegal da Abin.
Ainda nesta quarta-feira (3), segundo o Metrópoles, Moretti divulgou um comunicado no qual informa ter determinado a abertura de uma investigação interna, no começo do ano passado, e que dados dessa apuração foram compartilhados com a PF.
A Polícia Federal apura o uso de softwares israelenses e um esquema ilegal usado para espionar adversários do ex-presidente Bolsonaro nas últimas eleições.
Fonte: sputniknewsbrasil