O poder paralelo que a facção Comando Vermelho (CV) exerce hoje em Mato Grosso foi tema de uma série de reportagens do Jornal A Gazeta neste ano de 2023. O crime organizado continua a ditar, de dentro das unidades prisionais, ordens e estatutos a serem cumpridos pela sociedade. Nas periferias das cidades é a facção que dita as normas de convivência.
Distribui cestas de alimentos e seu Tribunal do crime decide quem deve ser punido, viver ou morrer. O CV vetou, inclusive, shows de artistas vindos de redutos do rival Primeiro Comando da Capital (PCC).
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Todo tráfico doméstico passa pelo CV, que determina de quem os traficantes e usuários devem comprar maconha e cocaína. Na disputa pelo território com outras facções que tentam acabar com a supremacia do CV, uma guerra eleva o número de homicídios e mortes com desaparecimentos, sem corpos para sepultamento. Municípios da região Norte, como Sorriso e Sinop, lideram os conflitos entre as facções, bem como na região Oeste, na fronteira com a Bolívia, hoje considerado o maior corredor de tráfico internacional da Amazônia Legal.
Em Cuiabá, na região do bairro Osmar Cabral, várias diligências da Polícia Civil e Corpo de Bombeiros tentam identificar a área em que a facção mantém um cemitério clandestino, onde são ocultados os corpos de vítimas torturadas durante as ações do Tribunal do crime. A ousadia é tanta que familiares recebem pelas redes sociais fotos ou vídeos registrando os últimos momentos de vida das vítimas.
Em sete anos, o CV foi responsável pelo sequestro de 84 vítimas na Grande Cuiabá. Deste total, 28 foram localizadas, 20 delas mortas e outras 8 feridas e 57 ainda estão desaparecidas. Para ser torturado e morto basta postar alguma foto ou vídeo em que a vítima indique o sinal ou faça menção à facção concorrente ou, vir de um estado da região onde predomina o PCC.
A disputa pelo controle da venda de cigarros contrabandeados também gera crimes, já que o CV assumiu o comércio ilegal e pune com a morte o comerciante que desrespeitar o estatuto da facção que, aos poucos, está assumindo a distribuição de água mineral também.
Enquanto parte da sociedade é refém e se cala diante das ordens da facção por medo, outra se torna sócia e engrossa as lista de faccionados ou simpatizantes que enriquecem com o dinheiro do crime organizado.
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Fonte: gazetadigital