Delegado classifica como ‘crime de ódio’ assassinatos de sem-tetos


O delegado Thiago Garcia Damasceno, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), afirmou que as mortes de dois moradores de rua não tiveram uma “causa”, que este foi um “crime de ódio” praticado por dois policiais militares. A internação de um dos acusados com ferimento na perna logo após o duplo assassinato e explicação “esdrúxula” para a lesão chamaram atenção dos policiais civis.

Em coletiva na manhã desta sexta-feira (29), o delegado afirmou que os policiais militares Cássio Teixeira Brito (preso) e Elder José da Silva (foragido) eram experientes, com mais de 10 anos de carreira. Ambos são acusados de matar os sem-tetos Thiago Rodrigues Lopes, 37, e Odinilson Landvoight de Oliveira, 41, e ferir outros dois, que foram hospitalizados. O grupo estava em frente ao Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro POP), na madrugada do dia 27 de dezembro, quando os acusados passaram atirando.

De acordo com o delegado responsável pelo caso, desde o momento da comunicação do fato já foram tomadas medidas necessárias para elucidar o caso o mais rápido possível, ouvindo testemunhas, coletando imagens e com a perícia.

Conforme relatou na entrevista coletiva, um dos sobreviventes contou que viu o momento em que o carro modelo Land Rover de cor verde escura se aproximou e o passageiro passou uma arma para que o motorista atirasse. Ele não descreveu o rosto do atirador.

“As câmeras de segurança que alcançamos não são de qualidade eficiente, mas, no transcorrer da apuração, tivemos conhecimento que um policial havia chegado ao hospital com ferimento, logo após o crime. Confirmamos que a dupla chegou ao hospital com a Land Rover de cor verde escura e confirmamos que era o mesmo carro, com imagens nítidas das câmeras”, disse o policial.

Além da “coincidência” sobre a chegada do policial ao hospital logo após os assassinatos, chamou atenção do delegado a versão relatada no boletim de ocorrência para justificar o ferimento causado por tiro na perna do suspeito.

“Registrou boletim de ocorrência sobre o ferimento com uma justificativa muito esdruxula”, destacou.

Segundo o delegado “não existe uma causa que gerou essa reação violenta. Foi um crime de ódio, de matar pessoas em vulnerabilidade social, pessoas que já são carentes, estão abandonadas, não são criminosos. O mau exemplo desses policiais não reflete a corporação”, frisou.

Cássio foi preso na manhã desta sexta-feira e, ao ter a arma solicitada para apreensão, disse que a perdeu na quinta-feira (28), um dia após o crime.

O comparsa Elder segue foragido e os agentes estão a sua procura.

Fonte: gazetadigital

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