Fabiana Karla demorou cinco anos para ver no cinema seu primeiro filme como protagonista, Uma Pitada de Sorte. Rodado em 2017, a comédia romântica esperou a pandemia se normalizar e estreia nesta quinta-feira (15/9).
Em entrevista ao Metrópoles, a atriz revela considerar o trabalho uma virada em sua carreira. Além de se distanciar do humor rasgado que a consagrou em programas como Zorra Total, ela exalta a importância de ter uma mulher gorda e nordestina no papel principal de um longa-metragem brasileiro.
“Isso me dá muita alegria, saber que muitas mulheres que se sentem representadas por mim estão vibrando junto. A gente está em um momento em que as pessoas querem se enxergar, e eu estou tendo a oportunidade de ser uma mulher comediante, gorda, nordestina e protagonista em um cinema perto da sua casa! Para mim, é uma coisa libertadora para muita gente que achava que não podia estar nesse lugar”, celebra.
No longa, Fabiana Karla vive Pérola, mulher extrovertida, porém insegura, que mantém dupla jornada de trabalho: anima festas infantis da empresa de sua mãe, Gina (Jandira Martini), para não decepcioná-la, e é assistente de um restaurante que não valoriza seu talento, enquanto não realiza o sonho de ter seu próprio estabelecimento.
A “pitada de sorte” acontece quando ela é selecionada para participar de um programa de TV como assistente de Diego (Ivan Espeche), um renomado (e sedutor) chef argentino. Pérola conta com a ajuda do irmão, Fred (JP Rufino), e do melhor amigo, Lugão (Mouhamed Harfouch), que esconde sua paixão pela protagonista.
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Ao Metrópoles, Fabiana Karla compara o “ogro” interpretado por Harfouch ao seu marido, Diogo Mello. Para ela, até os bíceps dos dois homens são parecidos.
“Ele é o meu Lugão! Ele tem um ‘lugones’ [bíceps]… o lugones dele, amor, é legal! Eu ri muito porque ele, assistindo comigo, falou ‘Amor, sou eu!’. Falei: ‘Se você beijar o bíceps agora eu te deixo, vou embora agora!’”, brinca.
A atriz também vê semelhanças com Pérola, principalmente em uma característica que sua personagem aprendeu com as doses de azar na história.
“Pérola tentava agradar a família e tentava se agradar dividindo entre esses dois mundos para conquistar o seu sonho. Mas essa curva de maturidade às vezes se passa com muita angústia. A Pérola queria sair dessa concha aconchegante da família, e há quem viva assim por muitos anos. Há de se ter muita coragem para seguir adiante. Pérola me encorajou a entender que nunca vou conseguir agradar todo mundo. Eu também emprestei para a Pérola a minha persistência, a minha capacidade de nunca parar de sonhar. Eu me cobro, porque o ser humano tem que sonhar. Um ser humano sem sonho não faz sentido”, analisa.