O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou nesta sexta-feira (22) uma proposta moderada para aumentar a ajuda humanitária à Faixa de Gaza e pediu medidas urgentes “para criar as condições para uma cessação sustentável das hostilidades”.
A aprovação vem após uma semana de atrasos nas votações e negociações intensas na tentativa de evitar outro veto dos Estados Unidos, segundo a agência Reuters.
Em meio à tragédia humanitária que assola Gaza com mais de 20 mil mortos, 53.320 feridos e milhares de pessoas sem acesso à água potável e sem suas casas, os EUA abstiveram-se para permitir que o conselho de 15 membros adotasse uma resolução elaborada pelos Emirados Árabes Unidos.
A Rússia também se absteve com o embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya, declarando que “se o documento não tivesse recebido o apoio de vários países árabes, a Rússia o vetaria sem falta“. Moscou interpreta que o texto aprovado continua a dar total liberdade para que Israel prossiga a campanha militar no enclave.
“Ao aprovar isto, o conselho estaria essencialmente a dar às Forças Armadas israelenses total liberdade de movimento para uma maior limpeza da Faixa de Gaza […]. Se este documento não tivesse recebido o apoio de vários países árabes, a Rússia o vetaria sem falta”, disse Nebenzya.
Moscou propôs que o projeto fosse alterado para voltar ao texto inicial que apelava a “uma cessação urgente das hostilidades”. A emenda foi vetada pelos Estados Unidos, recebeu dez votos a favor, enquanto Suíça, o Reino Unido, Albânia e Japão se abstiveram.
Segundo Nebenzya, mais cedo ou mais tarde o Conselho de Segurança exigirá o fim das ações militares na Faixa de Gaza, uma vez que, caso o contrário, será impossível cumprir as próprias decisões do conselho por conta do intenso bombardeio israelense.
“Independentemente dos resultados da votação desta sexta-feira [22], o apelo do Conselho de Segurança da ONU para um cessar-fogo continua a ser imperativo. Não importa o quanto os EUA resistam, o Conselho de Segurança voltará a essa questão e exigirá o fim das hostilidades“, afirmou o diplomata russo.
O enfraquecimento da linguagem sobre a cessação das hostilidades também frustrou vários membros do conselho e Estados árabes e da Organização de Cooperação Islâmica (OIC, na sigla em inglês), alguns dos quais, disseram diplomatas, veem isso como uma aprovação para Israel continuar sua campanha.
Washington tradicionalmente protege o seu aliado Israel da ação da ONU e já vetou duas vezes a ação do Conselho de Segurança desde o ataque do Hamas no dia 7 de outubro.
A maioria das pessoas em Gaza foi expulsa de suas casas e os responsáveis das Nações Unidas alertaram para uma catástrofe humanitária. A UNICEF afirmou que metade da população do enclave passa fome e apenas 10% dos alimentos necessários entraram em Gaza desde o começo do conflito.
Fonte: sputniknewsbrasil