Esquentando ainda mais a disputa mundial entre pilotos e construtores da época, a Fórmula 1 de 1966 estava mais competitiva do que nunca, quer seja pelas tecnologias, carros ou motores. De tão em alta, até um filme de sucesso a F1 virou, o Grand Prix (fica a ótima sugestão pra quem não assistiu, inclusive).
Além disso, importantes e fundamentais mudanças no regulamento começaram a vigorar a partir dessa temporada: os pequenos motores de 1.5 litro e aspiração natural dobraram sua capacidade cúbica, passando para 3.0 litros, praticamente duplicando o tamanho das máquinas.
Isso, não necessariamente, dobrou as potências dos carros de Fórmula 1, que já desenvolviam entre 220 e 230 cv, mas o aumento foi significativo: os 3.0 superavam com facilidade os 300 cv. Pelo novo regulamento da FIA, era permitido também a utilização de motores superalimentados, desde que não fossem além dos 1.5 litros, mas ninguém os usava.
Para alguns, a decisão de criar um novo regulamento aumentando a capacidade cúbica dos propulsores na F1 foi por conta de diversas reclamações de equipes e pilotos à FIA, já que, na Fórmula Indy, motores grandes vinham sendo usados há algum tempo. Era uma questão de equidade: se na Indy era permitido, na Fórmula 1 também poderia.
Mas a FIA não mexeu só na capacidade cúbica dos motores, mas também em vários outros quesitos, como o peso dos carros (mínimo de 500 kg, contra 450 kg de antes), largura dos pneus, tamanho e local dos adereços aerodinâmicos (todos agora deveriam ser fixos, e próximos ao carro), fora que os carros cresceram um pouco no tamanho.
Outras evoluções para 1966 foram a exigência de marcha-a-ré (não existia nos carros de F1 para alívio de peso), além de sistema extintor de incêndio e disjuntor elétrico para prevenir curtos-circuitos. Era um novo Fórmula 1, ainda que mantivesse o monocoque e motor traseiro entre-eixos.
Tentando baixar o número de acidentes fatais, o uso de macacões antichamas passava a ser obrigatório em todas as corridas do campeonato, junto de capacetes maiores e com viseiras mais resistentes. As montanhas de pneus presos também começavam a aparecer, em uma técnica que durou até poucos anos atrás na Fórmula 1.
Em 1966, o calendário estava dividido em nove etapas (GPs de Mônaco, Bélgica, França, Inglaterra, Holanda, Alemanha, Itália, EUA e México), com início em 22 de maio e término em 23 de outubro.
Falando no campeão, quem se deu bem nessa temporada foi o piloto australiano Jack Brabham, que já participava da F1 com equipe própria, a Brabham Motor Racing. Aliás, até o motor do seu carro, o BT19, era australiano: um Repco V8 3.0 de cerca de 310 cv com algo ao redor dos 31 kgfm de torque.
Gastando menos gasolina, o carro podia largar com menos líquido no tanque (mais leve) e parava menos para reabastecer. Se dava bem também pela robustez e manutenção fácil, pontos essenciais em qualquer corrida automobilística. Assim, foi a primeira vez na história da Fórmula 1 que piloto e equipe não europeus venciam na categoria, e também nunca havia tido um piloto com equipe própria sagrando-se campeão.
Já a Honda, depois de vencer a última etapa de 1965, entrou na disputa para 1966 com um novo carro, atendendo aos regulamentos, e um inédito 3.0 V12. Mas, com o conjunto cru, a equipe japonesa teve um ano sofrível, sem nenhuma vitória.
A Ford dava as caras na categoria com a oferta do seu motor 3.0 V8, chamado de 406, para algumas equipes da Fórmula 1 de 1966. Era um motor derivado de um V8 desenvolvido para a Fórmula Indy, porém carecia de mais desenvolvimentos para a Fórmula 1. Quem movia parte dos carros, de diferentes equipes, era um BRM de 2.0 litros e oito cilindros em V. Não tiveram tempo de aprontar um maior para aquele ano, assim como a Lotus.
Na próxima semana, não perca a história do campeonato de 1967!
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Fonte: direitonews