Conforme Albanese, o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu quer “empurrar os palestinos para o Egito”. O conflito contra o Hamas já deixou mais de 17 mil pessoas mortas e pelo menos 80% da população em Gaza precisou sair de casa.
Na entrevista, a relatora chamou a ação das Forças de Defesa de Israel (FDI) de “absurda” e lembrou que os bombardeios não pouparam sequer hospitais. Além disso, criticou a atuação da ONU frente a guerra, que seria “um fracasso épico”.
“Não é suficiente dizer que crimes contra a humanidade estão ocorrendo porque há ataques sistemáticos e generalizados contra a população civil em Gaza. Não há dúvida quanto a isso. Mas é genocídio? Ou seja, Israel tem um plano para destruir totalmente o povo palestino? É por isso que continuamos dizendo que há um risco de que esteja ocorrendo um genocídio“, disse.
Com relação à justificativa israelense de bombardear áreas populosas por conta da presença do Hamas, Francesca Albanese declarou que o próprio governo também possui instalações militares próximas aos civis.
“A infraestrutura civil ao redor do alvo militar ainda é uma infraestrutura civil. Esse é o primeiro aspecto. Segundo, a presença de túneis subterrâneos não faz com que o que está acima do solo perca seu status civil. Terceiro, toda infraestrutura civil é protegida, mas há certas estruturas que são particularmente protegidas, como os hospitais”, enfatizou.
Segundo a relatora especial, a população palestina sobre com os deslocamentos forçados desde 1947, quando foi criado o Estado judeu no Oriente Médio.
“Que agora essas pessoas não têm realmente nenhum lugar para onde ir, a não ser o Sinai. Por que Israel não permite que essas pessoas voltem para o norte, para suas casas? Por que elas têm de ser empurradas para a fronteira de Rafah? Está muito claro que Israel está empurrando os palestinos cada vez mais para o sul, para que eles possam se tornar refugiados no Egito novamente, o que é absurdo”, acrescentando que a situação acontece sob a vigilância de todos os países.
Com relação à falta de efetividade das ações da ONU, cujo Conselho de Segurança chegou a aprovar uma resolução que pedia o fim do conflito e não foi respeitado por Israel, Francesca Albanese lembrou que a entidade “não foi capaz de pressionar Israel quanto ao uso da autodefesa. Israel tem o direito de se proteger, mas não tem o direito de travar uma guerra contra a população [civil de Gaza]”.
ONU aprovou criação de Estado palestino há 76 anos
No fim de novembro, quando a aprovação da resolução aprovada na Organização das Nações Unidas (ONU) completou 76 anos, a entidade voltou a pedir que comunidade internacional atue para viabilizar a criação do Estado da Palestina no Oriente Médio.
A declaração foi da diretora-geral do escritório das Nações Unidas em Genebra, Tatiana Valovaya. “Já passou da hora de avançarmos de forma determinada e irreversível em direção a uma solução de dois Estados, com base nas resoluções das Nações Unidas e no direito internacional”, enfatizou.
Desde o dia 7 de outubro, quando o Hamas realizou um ataque sem precedentes contra o território israelense e provocou a morte de 1,2 mil pessoas, a Faixa de Gaza convive com uma das guerras mais sangrentas das últimas décadas.
O plano aprovado na primeira metade do século passado na ONU também prevê domínio internacional sobre Jerusalém. Caso o acordo avance, o Estado Palestino iria compreender os territórios da Cisjordânia, com quase três milhões de habitantes, e da Faixa de Gaza, que tem outros 2,3 milhões — aproximadamente 5,3 milhões de pessoas. Porém, Israel defende que a região seja desmilitarizada para não ameaçar a sua própria segurança.
Fonte: sputniknewsbrasil