“Tal como Tony Blair, que na sua época se aproveitou habilmente da situação e recebeu pontos políticos após a morte da ‘princesa do povo’ Diana, Truss poderia reforçar a sua posição após a morte da rainha Elizabeth II: em um período de luto nacional, enquanto a mídia se distrai das questões prementes sobre o futuro da monarquia, a histeria política nos muros de Westminster se acalmará e o gabinete da nova primeira-ministra terá a oportunidade de se estabelecer.”
“A sua candidatura a primeira-ministra foi apoiada por uma minoria dos tories [membros do Partido Conservador], por isso se preparou para retaliar com antecedência. Mas ‘vingar-se’ dos seus companheiros de partido pode não ser fácil, uma vez que Truss tem habilidades oratórias muito medíocres; não pronunciou nem uma só frase memorável durante o seu discurso sobre a morte da rainha, e a sua forma de responder às perguntas é geralmente direta e oblíqua”, diz o artigo.
Promessas desrespeitadas?
“Bastaram-lhe 24 horas para se esquecer da sua promessa eleitoral de ‘não dar ajudas financeiras’. Agora promete a maior doação da história, mais de 150 bilhões de libras esterlinas (R$ 894 bilhões) para subsidiar as contas de energia. Diz que vai emprestar o dinheiro dos futuros contribuintes.”
“Agora, que outras promessas Truss violará em nome do pragmatismo?”, pergunta Jenkins. “Reduzirá os impostos corporativos e pessoais? Brigará com a UE pela Irlanda do Norte em questões comerciais? Aumentará os gastos na defesa até 3% do PIB? Gastará 100 bilhões de libras [R$ 596 bilhões] na obsoleta ferrovia HS2?”
“Truss deve se aproveitar de uma pausa na agitação política para colocar as coisas em ordem”, acredita o autor. “Está claro que o seu obstáculo mais imediato é a guerra econômica contra a Rússia, em que Truss está perdendo. O conflito na Ucrânia terminará mais cedo ou mais tarde, os preços da energia voltarão ao normal e a crise do custo de vida na Europa passará, mas não é aceitável que o Reino Unido deixe os seus cidadãos à mercê das empresas de energia. Nesse sentido, introduzir impostos especiais para elas seria uma decisão muito vantajosa para a nova primeira-ministra”, conclui o autor da publicação.