“Não vejo ganhos. Ganho econômico não existe, porque o PIB caiu mais de 30% e esse ano cairá, de acordo com previsões, 3,5%. A população reduziu-se substancialmente, de 38 milhões para estimados 23 milhões. A população masculina reduziu a algo em torno de 3,5 milhões (…) As pessoas nem falam sobre isso”, afirmou Rodolfo Laterza.
Polônia, receosa, toma postura radical de retirar seu apoio
“Temos um problema relacionado à necessidade, principalmente da Polônia, em relação a proteger os seus agricultores locais da inundação de cereais ucranianos com preços muito abaixo de mercado, o que resulta em uma séria crise de produtividade e faturamento por parte desses agricultores (…) O partido no poder na Polônia, Partido Lei e Justiça, tem uma forte base de eleitorado no setor rural, no setor agrícola.”
“A Polônia, por exemplo, em alguns círculos nacionalistas e acadêmicos, fala que seria o ideal a incorporação de Galícia e Lvov, províncias que já tinham pertencido ao Grão-Ducado Polonês-Lituano no passado”, afirma Rodolfo.
Hungria e Eslováquia aproximam-se da Rússia após corte de gastos e eleições
Ações dos EUA podem provocar um efeito dominó na geopolítica internacional
“Nós temos os déficits trigêmeos nos Estados Unidos, o déficit comercial, o déficit fiscal e o déficit orçamentário (…) Isso cria instabilidades, tendo em vista sempre as chamadas paralisias econômicas (…) Os Estados Unidos ainda tem US$ 1,6 bilhão [R$ 8 bilhões], no caso, provisionados para ajudar a Ucrânia até o final do ano e mais US$ 5,4 bilhões [R$ 27,3 bilhões] dentro da ordem executiva, aquela que não precisa de autorização do Congresso americano, que é diretamente fornecida pelo gabinete presidencial do Biden”, ressalta Rodolfo.
“Se ele não parar a ajuda, ele tem um desgaste político do fato de que tem problemas orçamentários nos Estados Unidos. Estão aumentando os problemas sociais lá, e as pessoas já começam a se queixar de preços, condições sociais, e isso obviamente o outro lado, que é o representado por Trump, vai se aproveitar”, completa Quiroga.
Fracasso militar ucraniano é o fator chave do abandono de investimento das potências
“Alardeia-se o avanço de 500 metros em Yatskovka, ali no sul de Artyomovsk [Bakhmut, em ucraniano], como uma grande vitória. Mas a que preço? A preço de uma brigada inteira, de centenas de equipamentos? Tendo-se você se jogado numa zona de matança, a qual você tem que ficar ocupando cinturões florestais ou trincheiras que são progressivamente aniquiladas, isso não tem ganho, entendeu?”, completa Laterza.
“Existe um problema de contradição. [Dizem os EUA] que a Rússia ocupou parte da Ucrânia ilegalmente, um país independente. Pois bem, mas agora Israel ocupa ilegalmente a Palestina conforme as resoluções da ONU desde a década de 60, então quer dizer, o ocupante só é ruim quando é a Rússia, quando é Israel o ocupante é bom. Os Estados Unidos vão ter que tirar mais o foco da Ucrânia e se focar no Israel para não chamarem tanta atenção sobre essa dubiedade moral que eles têm na sua política externa”, conclui o especialista.
Fonte: sputniknewsbrasil