A Stellantis, grupo automotivo que administra marcas como Peugeot, Fiat, Citroën, Jeep e Ram confirmou, na última terça-feira (17), que produzirá os primeiros carros híbridos e elétricos com tecnologia Bio-Hybrid na fábrica de Goiana (PE).
A má notícia é que fabricante não deu mais detalhes em seu comunicado, nem indicou qual modelo estreará a tecnologia. A boa notícia é que esses híbridos estão perto de estrear, já que em agosto deste ano a Stellantis confirmou que todos os produtos do grupo poderão ser eletrificados a partir de 2024, enquanto apresentava a arquitetura Bio-Hybrid.
No mesmo evento afirmou ainda que modelos produzidos na Argentina, como Fiat Cronos e Peugeot 208, estão fora da jogada nesse primeiro momento.
E com a afirmação de que “vai alocar no Polo Automotivo de Goiana, no Nordeste, a produção dos primeiros veículos equipados com as tecnologias Bio-Hybrid, que associam eletrificação com motorização flex e a etanol”, a Stellantis afunilou ainda mais sobre qual será o primeiro veículo híbrido nacional do grupo.
Afinal, na fábrica pernambucana são produzidos atualmente Fiat Toro, os Jeep Renegade, Compass e Commander, e a Ram Rampage. E um desses modelos é que deve ser o primeiro híbrido nacional da marca – a não ser que outro produto seja lançado por lá, o que não deve acontecer por agora.
Também é pouco provável que a Rampage seja o primeiro híbrido nacional do grupo, já que a caminhonete acabou de ser lançada e uma mudança tão repentina pode ser malvista.
Quando a Stellantis apresentou a plataforma com sistema Bio-Hybrid indicou que a produção dos híbridos poderia ser imediata, sem a necessidade da nova estrutura STLA Medium, por exemplo, para aplicação da tecnologia. Dessa forma, a base Small Wide 4×4, que está em todos os modelos citados acima, pode receber o conjunto híbrido – Compass e Renegade 4xe (híbridos plug-in) usam essa arquitetura, por exemplo.
A nossa aposta é que os primeiros modelos tenham um conjunto híbrido leve, chamado apenas de Bio-Hybrid, ou convencional, que responde por Bio-Hybrid E-DCT – a diferença entre os sistemas está explicada no fim deste artigo. A justificativa é simples: a instalação não é tão complexa quanto a de um conjunto plug-in. Os investimentos necessários também são consideravelmente mais baixo.
Assim como compartilham a fábrica e a plataforma, os modelos de Fiat e Jeep feitos em Goiana também usam o mesmo motor 1.3 turboflex de 185 cv e 27,5 kgfm, que, apesar de oferecer bom desempenho, não é referência em consumo de combustível. Incluir um sistema híbrido, ainda que discreto, pode ser uma forma de melhorar a eficiência energética e o consumo.
Outra opção seria aplicar um conjunto híbrido para manter vivo o motor 2.0 turbodiesel. Afinal, ele já recebeu Arla 32, sistema de retrabalho de gases de escapamento, em 2021 para atender às regras de emissão do Proconve L7 (PL7). E como as normas ficarão ainda mais rigorosas no PL8, em 2025, podem receber auxílio elétrico para se enquadrar no novo padrão. Ou então, sair da prateleira e dar espaço para um conjunto híbrido flex ou híbrido a etanol.
Dessa forma, Fiat Toro, Compass, Commander e Ram Rampage ficariam entre os mais cotados para se tornarem os primeiros híbridos da Stellantis fabricados e vendidos no Brasil. Principalmente o Compass, que deve ser o primeiro da lista para atualização, já que sua última mudança foi há dois anos.
Para quem não está familiarizado com o termo Bio-Hybrid, é apenas a nomenclatura que a Stellantis usa para falar de seus híbridos. Nesse guarda-chuva, temos três opções: híbrido leve, híbrido convencional e híbrido plug-in.
A primeira delas tem um motor elétrico no lugar do alternador (como se fosse um superalternador), com 3 kW de potência. O sistema híbrido leve ainda tem uma bateria de lítio-íon de 12 volts. O conjunto elétrico trabalha nas partidas e tira o carro da inércia, o que ajuda a economizar combustível. É parecido com o que vemos no Kia Sportage, por exemplo.
O Bio Hybrid e-DCT trabalha como um híbrido convencional. Nele, uma bateria de 48 volts de íons de lítio abastece dois motores elétricos, um que trabalha no lugar do alternador e outro substitui o motor de partida. Os carros que receberem essa tecnologia poderão rodar em modo elétrico, térmico ou híbrido (com motor elétrico e a combustão tracionando juntos as rodas).
O último esquema híbrido é o Bio-Hybrid Plug-in. Este tem uma bateria de lítio-íon de 380 V, que pode ser recarregada de forma externa, por tomada, ou por regeneração. Assim como o anterior, o veículo pode rodar em modo elétrico, térmico ou híbrido. A maior diferença, além da recarga, é que esse sistema tem mais autonomia em modo só elétrico.
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Fonte: direitonews