Haddad admite preocupação com possível vitória de Milei na Argentina: ‘Não se ideologiza relação’


Em entrevista nesta quinta-feira (19), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, demonstrou preocupação com as eleições na Argentina e admitiu que uma eventual vitória do candidato Javier Milei pode estreitar as relações com o país vizinho.

“É natural que eu esteja [preocupado]. Uma pessoa que tem como uma bandeira romper com o Brasil, uma relação construída ao longo de séculos, preocupa. É natural isso. Preocuparia qualquer um […] porque em geral nas relações internacionais você não ideologiza a relação. […] Não se transpõe para as relações internacionais as questões internas. Mesmo quando você tem preferências, manifestas ou não”, disse Haddad em entrevista citada pelo UOL.

Milei, do partido A Liberdade Avança, disse em falas durante a campanha que pretendia limitar o comércio com o Brasil, chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “comunista raivoso” e “socialista com vocação totalitária” e afirmou que, em relação ao Mercosul, a Argentina “seguiria seu próprio caminho” caso ele seja eleito.
“É um vizinho do Brasil, principal parceiro na América do Sul. Então preocupa quando um candidato diz que vai romper com o Brasil. Você fez o quê para merecer esse tipo de tratamento?”, indagou Haddad.
Desde o retorno de Lula à presidência da República, os países vizinhos voltaram a estreitar laços, especialmente pela amizade entre o petista e seu homólogo argentino, Alberto Fernández.
Além disso, há a intenção de trocas comerciais elevadas, como ampliação de gasoduto e moeda em comum, conforme noticiado por ambos os governos em janeiro.
Ao mesmo tempo, o governo brasileiro trabalhou em quatro propostas que previam garantias para o Brasil aceitar financiar as importações pela Argentina, mas Haddad sublinha que tudo só será possível após o resultado das eleições que terão seu primeiro turno agora no dia 22.
“Agora não tem o que fazer. No domingo [22], nós temos o primeiro turno na Argentina. Ou seja, só depois […]. E porque também não dá nem tempo. Mesmo que você chegue a um desenho [das propostas] vai ter que esperar o resultado da eleição. Então, é natural que seja assim”, complementou o ministro.
O candidato da ultradireita encerrou sua campanha em Buenos Aires ontem (18) prometendo transformar seu país em uma “potência mundial“. Durante o ato, Milei também afirmou que se mais argentinos forem às urnas, “é provável” que ganhe o pleito já no primeiro turno.
Também houve, em diversos momentos, gritos do público conclamando uma vitória de Milei no primeiro turno, além de vaias e xingamentos ao presidente venezuelano Nicolás Maduro e a jornalistas, já que Milei acusa uma parte da imprensa local de receber dinheiro de políticos.
Até um jingle em português brasileiro tomou conta do ambiente: “Ele vai pra cima, vai acabar com a inflação, vai privatizar, dolarizar a nação […] é o Milei, é o Milei, presidente da Argentina, todos sabem que é o Milei”, dizia a canção, colocada no evento enquanto o público esperava pelo candidato, relata a CNN.

Fonte: sputniknewsbrasil

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