Renault Megane elétrico mostra que, do antigo, só ficou o nome (ou nem isso); leia o teste


Foi em 1998 que o Renault Megane estreou no Brasil. Fabricado na Argentina, fez bastante sucesso numa época em que hatches médios eram cobiçados e ninguém sabia o que era um crossover. Por ironia do destino, 25 anos depois, um novo Megane desembarca por aqui na forma de um crossover — e, ainda por cima, elétrico.

Até o nome mudou, já que ele perdeu o acento agudo do primeiro “E” e ganhou o sobrenome E-Tech. Só que tanta mudança cobra seu preço — e ele não é barato. Importado da França em versão única por R$ 279.900, o Megane elétrico custa tanto quanto a versão completona do Volvo EX30.

O Megane tem porte de SUV compacto: são 4,20 metros de comprimento (6 centímetros mais curto do que um Volkswagen Nivus) e distância entre-eixos de 2,68 m, quase tanto quanto a de um Toyota Corolla.

Detalhes como os balanços curtos e a curvatura do teto reforçam o visual esportivo. As maçanetas dianteiras são embutidas na carroceria e “surgem” quando as portas são destravadas. Atrás, elas ficam escondidas nas colunas, solução adotada em modelos como o Honda HR-V.

Goste ou não das linhas do Megane E-Tech, acho bom habituar-se com elas, já que o crossover inaugura a nova identidade visual da Renault no país. “A ideia é fazer uma ruptura com o que a marca oferece hoje no Brasil”, diz Daniel Nozaki, diretor de design da Renault América do Sul. Essa receita estará nos futuros lançamentos da marca, como o SUV compacto Kardian, que estreia em 2024.

Por dentro, o acabamento é de bom gosto. Os plásticos são cobertos com um material emborrachado e há faixas de Alcantara nos painéis das portas, lembrando bastante a cabine do Peugeot 3008. Há duas telas grandes no interior: a do painel de instrumentos tem 12,3 polegadas e a outra, de 9 polegadas, é da central multimídia, que tem menus com fácil navegação e clareza nas informações.

A alavanca do câmbio instalada na coluna de direção abre espaço para um grande porta-objetos de sete litros posicionado entre os belos bancos revestidos de tecido reciclável. A posição de dirigir não é alta como a de um SUV e quem vai atrás tem bom espaço para as pernas. O porta-malas tem capacidade para 440 litros.

Só que nem tudo são flores. Faltam itens esperados em um carro de sua categoria, como a regulagem elétrica dos bancos dianteiros e a tampa do porta-malas com abertura elétrica. Além disso, a chave presencial é simplória como a dos Renault nacionais e a tela vertical de 12″ oferecida na Europa não vem para cá nem como opcional. A fabricante francesa diz que preferiu trazer unidades com disponibilidade imediata (ou mais em conta?), talvez para não atrasar ainda mais a chegada do carro ao Brasil, já que sua estreia aconteceria no ano passado.

O Megane E-Tech é importado em versão única com 220 cv de potência e 30,6 kgfm de torque. É o primeiro modelo da Renault equipado com um pacote de assistências à condução, que inclui itens como controle de cruzeiro adaptativo, alerta de colisão frontal, frenagem autônoma de emergência e leitura de placas de trânsito.

A condução é agradável e a direção tem respostas rápidas como nenhum Renault nacional. A suspensão, que foi elevada em 20 mm para suportar nosso piso terrível, possui calibragem bem acertada. Filtra bem as imperfeições e faz a carroceria inclinar pouco nas curvas, incitando até uma condução mais esportiva.

Segundo a Renault, ele vai de zero a 100 km/h em 7,4 segundos e chega a 160 km/h. A bateria de 60 kWh garante autonomia de 337 km pelo ciclo brasileiro e suporta carregadores rápidos de 130 kW, nos quais leva 36 minutos para ir de 15% a 80%. Se a recarga ocorrer em um wallbox de 22 kW, o tempo pula para uma hora e 50 minutos.

Falando nas baterias, elas possuem um sistema de resfriamento líquido que controla a gestão de energia perdida pelas baterias e pelo motor, melhorando a eficiência energética do veículo, de acordo com a montadora. Essa tecnologia é uma das mais de 300 patentes registradas pela marca durante o desenvolvimento do projeto do crossover.

O primeiro lote do Megane E-Tech terá 320 unidades que serão vendidas em toda a rede de concessionárias. Embora apenas 44 delas façam a manutenção completa (a meta é chegar a 50 até o fim do ano), o cliente pode levar o carro a qualquer revenda que o veículo será transportado a uma oficina capacitada sem custo adicional.

A Renault acredita que o serviço de pós-venda será um dos diferenciais a favor da marca contra as rivais chinesas, como BYD e GWM, que estão conquistando clientes com carros modernos vendidos a preços competitivos. “Acreditamos no nosso produto pela tecnologia, pela inovação e pelo design”, afirma Ricardo Gondo, presidente da Renault. Daqui a algum tempo descobriremos quem levará a melhor.

Além de desembarcar quase um ano após o prometido, o Megane estreia em um momento delicado em razão do avanço de rivais. A BYD já representava uma ameaça por praticar preços competitivos — o Yuan Plus, um dos rivais diretos do Megane, custa R$ 229.800. Só que a Volvo elevou o sarrafo ao anunciar a chegada do EX30 a partir de R$ 219.900. Como o SUV sueco só chegará às ruas em 2024, a concorrência pode (e deve) baixar os preços até lá.

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Fonte: direitonews

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