O Cineclube Coxiponés da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) lançou, durante a 22ª edição da Mostra de Audiovisual Universitário e Independente da América Latina (MAUAL), o segundo volume do livro ‘Cinema e Audiovisual em Mato Grosso’ e o novo episódio do podcast ‘Além da Memória’. Obras que refletem sobre produções e celebram iniciativas como o projeto Cinema Circulante, em novo volume e episódio, respectivamente, celebram os 46 anos de fundação deste Cineclube.
O livro reúne artigos, relatos de experiência, análises, críticas e entrevistas de pesquisadores, realizadores e coletivos que apresentam um panorama histórico e contemporâneo da produção cinematográfica e audiovisual no estado. Esse segundo volume já está disponível gratuitamente no formato ebook pelo site da Editora Paruna.
Nele, os organizadores Aline Wendpap Nunes de Siqueira, Diego Baraldi de Lima, Gilson Moraes da Costa e Letícia Xavier de Lemos Capanema reafirmam o propósito de fomentar o reconhecimento de iniciativas realizadas no território, e contribuir para a história e memória de realizadores, entusiastas e profissionais, suas obras, experiências e afetações.
“A maturidade alcançada pelo cinema mato-grossense nas últimas décadas, além de impressionar, é um fato do qual devemos nos orgulhar. A diversidade de narrativas, de propostas estéticas, de temáticas e de formatos atesta, ao nosso Estado, um lugar de reconhecimento na cena cinematográfica nacional”, destaca o texto de apresentação do segundo volume de ‘Cinema e Audiovisual em Mato Grosso’.
Podcast
O episódio especial da segunda temporada de ‘Além da Memória’ também está disponível no Spotify. Nele, os cineclubistas veteranos Clóvis Matos, o papai noel pantaneiro, e Epaminondas de Carvalho, mais conhecido como Epa, contam a história do mais antigo projeto do Cineclube Coxiponés, o ‘Cinema Circulante’.
“Eles tinham uma Brasília velha, um projetor e um sonho: levar cinema de qualidade para todos os lugares, possíveis e impossíveis”, relata a apresentadora Letícia Markmann. O episódio também conta com a participação de Elton Martins, criador do coletivo MT Queer.
O podcast ‘Além da Memória’ é resultado de um trabalho de conclusão de curso da realizadora Letícia Markmann, que revisita a história do Cineclube Coxiponés. Os quatro primeiros episódios trazem relatos de Marília Beatriz, Epaminondas de Carvalho, Clóvis Matos, Benedito Maia, Moacir Barros e Letícia Capanema sobre cineclubismo, cultura e resistência em Mato Grosso.
Cinema Circulante e homenagem na 22ª MAUAL
A primeira temporada do podcast ‘Além da Memória’ também apresenta episódio sobre a criação da gloriosa Mostra de Audiovisual Universitário e Independente da América Latina (MAUAL), realizada ininterruptamente há 22 anos pelo cineclube da UFMT. Na edição deste ano, que ocorreu de 27 de setembro a 01 de outubro, o Cinema Circulante também foi lembrado em homenagem ao pioneirismo de Clóvis e Epaminondas.
“2023 é um ano de marcas históricas para o Coxiponés. Uma das mais importantes é o recorde de inscrições da nossa querida MAUAL, com mais de 300 curtas-metragens inscritos, número que consolida nossa Mostra, colocando-a definitivamente no circuito de festivais de cinema universitário e independente. Para nós, celebrar essa marca implica em reafirmar a fé em nosso trabalho e no de tantas pessoas que por aqui passaram, que acreditaram na continuidade e no espírito da proposta”, afirmam os produtores culturais Luzo Reis e Thelma Saddi.
Nos idos de 1970 e 1980, dois estudantes universitários, Clóvis e Epaminondas, à época bolsistas do Cineclube Coxiponés, decidiram levar cinema a zonas rurais, bairros e comunidades periféricas de Cuiabá e região, com recursos próprios e apoios na universidade. Começava ali o ‘Cinema Itinerante’, projeto cineclubista que se transformaria em ‘Cinema Circulante’ nos anos 2000.
Apesar do novo nome e da maior abrangência que ganhou, o propósito nunca mudou e o Cinema Circulante continua sendo um dos projetos de extensão mais importantes do Coxiponés. Com a proposta de fazer circular filmes menos privilegiados nos circuitos distribuidores comerciais e, ao mesmo tempo, possibilitar o acesso a públicos restritos do acesso a bens culturais, chegou a receber menções e prêmios a nível nacional.
“Com essa homenagem na MAUAL, buscamos eternizar o nosso respeito, admiração e carinho, enfatizando, mais uma vez, a importância desse projeto que alcançou mais de 200 mil pessoas não só no Mato Grosso, chegando também a estados do Norte e Nordeste do Brasil. O pontapé inicial foi dado pelos nossos veteranos Clóvis e Epaminondas, mas o Circulante não pode parar! Continuaremos na missão de democratização do audiovisual”.
Fonte: ufmt