Embora tenha mantido inalterada, pela terceira semana seguida, a previsão do IPCA para este ano (4,86%), o boletim Focus – consulta semanal do Banco Central (BC) às 100 maiores instituições financeiras nacionais – elevou a projeção inflacionária para 2024, que passou de 3,87% para 3,88%. Há um mês, o mercado financeiro ‘apostava’ que a inflação chegaria ao fim de 2023 em 4,93% e no próximo, a 3,89%.
Levando em conta 55 estimativas realizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 variou de 4,83% para 4,82%, ao passo que para 2024, houve avanço de 3,83% para 3,86%, considerando 54 atualizações no período. Para 2025, a estimativa foi mantida em 3,5% pela décima primeira semana consecutiva, estabilidade que estaria associada à tese de ‘reancoragem parcial’ aventada pelo BC, em decorrência da manutenção em 3% da meta de inflação para os próximos anos. Pela 14ª semana consecutiva, foi mantida a previsão de 3,5% para 2026.
Com a continuidade da previsão para o IPCA para este ano, a perspectiva é de que novo estouro da meta de inflação (o terceiro seguido), cujo teto foi fixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 4,75%. Nos demais anos, as expectativas do mercado estariam dentro do intervalo, tomando como referência o centro da meta, de 3%
Quanto ao comportamento da economia, o Focus manteve a projeção anterior, de crescimento do PIB em 2,92% em 2023, acima daquela feita há um mês, de 2,64%. Igualmente ‘imexível’ ficou a estimativa para o ano que vem, o seguinte e para 2026, de 1,6%, 1,9% e 2%, respectivamente. Para o governo, o PIB deve fechar este ano com alta de 3,2%.
A expectativa mediana para a Selic no fim de 2023, 2024 e 2025 ficou inalterada, em 11,75%, 9% e 8,50%, respectivamente, a exemplo das semanas anteriores.
No que toca às contas públicas, a relação dívida líquida do setor público/PIB em 2023 continuou em 60,50%, superando a estimativa de 60,40%, de um mês antes. Também estável em 1,1% do PIB ficou a previsão para o déficit primário para este ano, pouco acima da meta de 1% do PIB de déficit para 2023.
Para o 2024, a proporção da dívida líquida em relação ao PIB continuou em 63,90% do PIB, mesmo patamar de quatro semanas antes, enquanto o déficit primário do ano que vem avançou de 0,75% do PIB para 0,83% do PIB, o mesmo ocorrendo com o déficit nominal, que subiu de 6,57% para 6,59% do PIB. Quanto ao déficit nominal, o mercado manteve a projeção de 7,40% do PIB, a mesma das últimas quatro semanas.
Por definição, o resultado primário resulta do saldo entre receitas e despesas do governo antes do pagamento dos juros da dívida pública, ao passo que o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
No que se refere às contas externas, o Focus previu recuo modesto do déficit, de US$ 43,30 bilhões para US$ 42,65 bilhões, ante US$ 42,80 bilhões de um mês atrás. Em contrapartida, para o ano que vem, o déficit cresceu de US$ 51,35 bilhões para US$ 51,70 bilhões, ante US$ 50 bilhões há quatro semanas.
Sempre positiva, a previsão do superávit da balança comercial em 2023 cresceu de US$ 72,10 bilhões para US$ 72,90 bilhões, superando os US$ 70,10 bilhões, previstos há um mês.
Já estimativa de ingresso de Investimento Direto no País (IDP) para este ano foi mantida nos mesmos US$ 80 bilhões das últimas 12 semanas, cifra idêntica para 2024, inalterada pela 36ª semana.
Pequeno avanço mostrou o câmbio para este ano, de R$ 4,95 para R$ 5,00, o que representa recuo ao mesmo nível de um mês atrás, ao passo que para 2024, este continuou em R$ 5,02, como há quatro semanas.
Fonte: capitalist