Pesquisador da UFMT recebe prêmio em congresso


É comum pensarmos em problemas de saúde como se fossem questões de determinados órgãos ou partes do corpo, tipo a gastrite que afeta o estômago, ou a asma que afeta os pulmões. Entretanto – e isso fica mais evidente em doenças graves – a doença e a recuperação são processos que afetam/necessitam de todo o corpo em certa medida.

Neste sentido, pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) estudam a relação entre atividade física e a recuperação de pacientes com Câncer, em especial a relação do indicador de “ ngulo de Fase” com a saúde. O trabalho – desenvolvido pelo pesquisador de pós-doutorado Dr. Roberto Carlos Vieira Junior e supervisionado pelo professor Dr. Fabrício Voltarelli, da UFMT – foi premiado no Simpósio Internacional de Ciências do Esporte.

“O ângulo de fase é uma das variáveis obtidas na avaliação com a Bioimpedância Elétrica, e é utilizada como indicador da integridade/saúde da membrana celular. Por este motivo, pode estar associada ao estado nutricional e fator prognóstico para uma série de doenças, entre elas, o câncer”, explica o pesquisador Roberto Carlos Vieira, que é professor da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat).

A Bioimpedância é uma avaliação diagnóstica que busca medir a composição corporal, incluindo massa muscular, gordura e água. Na Bioimpedância Elétrica essa avaliação é feita com a passagem de uma corrente elétrica pelo corpo.

“É como se o corpo humano fosse uma rede de resistores (fluídos corporais) e capacitores (membrana celular). A corrente elétrica passa pelos tecidos e sofre alterações neste caminho. Se a membrana celular não está saudável, não terá o mesmo efeito como capacitor e isso será identificado pelo aparelho. Uma membrana celular íntegra possibilita maior proteção das organelas e do núcleo, resultando, por exemplo, em uma menor exposição do DNA ao meio extracelular, diminuindo as chances de mutações do material genético”, complementa.

A explicação de como com  Ângulo de Fase é realmente medido é um pouco mais complexa. Os “resistores” e “capacitores” no nosso corpo oferecem respectivamente resistência e reatância à passagem da corrente elétrica. Esses valores são usados para calcular a impedância de um circuito (no caso, o nosso corpo), que representa a oposição total à passagem de uma corrente alternada. Colocando todos esses valores em um gráfico, o vetor de impedância e o vetor da resistência formam um ângulo. Esse é o  ngulo de Fase.

“Pelo que temos observado, em indivíduos saudáveis, o valor do  ngulo de Fase varia entre 5 e 10. Contudo, fatores como idade, nível de hidratação, sexo, obesidade e doenças intereferem nesses valores”, explica o pesquisador.

Apesar da bioimpedância elétrica já existir desde os anos 1960, a associação do ângulo de fase com o estado de saúde celular é uma descoberta recente, sendo utilizada apenas nos últimos 10 anos. “Em nossa pesquisa, observamos que pacientes com Câncer, ao serem avaliados fisicamente, apresentam menores valores de  ngulo de Fase, mas atletas universitários e policiais militares, que praticam atividades físicas com frequência, apresentam valores maiores”, completou.

Na perspectiva do orientador do trabalho, professor Fabrício Voltarelli, essa descoberta é de grande importância, pois além de mostrar outro parâmetro para o cuidado de pacientes com câncer, reafirma a importância da atividade física na recuperação destes e na saúde do corpo de maneira geral. “Sabendo que estes pacientes possuem essas condições, a prescrição de exercício físico para eles torna-se de suma importância. E é isso que estamos fazendo no projeto Oncofitness, em andamento”, afirmou.

Fonte: ufmt

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