O fim da pandemia colocou um ponto de interrogação em muitos negócios de reforma e decoração de residências.
Após dois anos de vendas lá em cima por causa da quarentena, muitos varejistas enfrentam dificuldades agora que itens como viagens e refeições fora de casa voltaram a pesar no bolso.
Em meio a tudo isso, um olhar para a estratégia da varejista de artigos para decoração Muma pode trazer insights sobre como sobreviver — e prosperar — num cenário mais desafiador para o setor.
Vide o caso do fim da Etna, um dos principais home centers de decoração no Brasil por décadas, e os percalços financeiros da Tok&Stok, que fechou lojas e reestruturou 350 milhões de reais em dívidas nos últimos meses.
O que faz a Muma
Ao mesmo tempo que concorrentes fecham as portas ou reestruturam a operação por completo, a Muma, uma empresa fundada há nove anos em Recife, faturou 17,6 milhões de reais entre janeiro e agosto deste ano. É uma alta de 30% sobre o mesmo período de 2022.
Para o ano inteiro de 2023, a expectativa por ali é bater 20 milhões de reais em vendas.
Aberta em 2014, a Muma é um marketplace de peças de decoração com design assinado por profissionais brasileiros.
O portfólio tem mais de 15.000 produtos, incluindo criações de artistas como:
- Marcelo Rosenbaum
- Humberto da Mata
- Tiago Curioni
- Diogo Giácomo Tomazzi
- e de estúdios como Iludi e Massa
Qual é a fórmula da empresa
Ao contrário de concorrentes, desde o princípio a Muma ficou conhecida por operar com estoque zero.
Ao comprar um item pelo site, o fabricante negocia prazos de entrega diretamente com clientes.
A logística fica a cargo de transportadoras certificadas pela própria Muma. Dessa maneira, o intuito é minimizar o risco de percalços capazes de atrasar o envio.
O tempo de espera por um sofá comprado no site da Muma, por exemplo, gira ao redor de 20 a 30 dias, diz a empresa.
Em varejistas tradicionais, a encomenda de um produto desse tipo costuma demorar pelo menos 30 dias.
Ao evitar despesas com inventário, a empresa se viu desobrigada a montar promoções agressivas para se desfazer de itens com pouca saída.
Dessa maneira, a Muma conseguiu preservar as margens e ter caixa para investimentos.
No que a empresa aposta daqui para frente
Em 2023, a companhia aposta na expansão em duas frentes. Uma delas é via abertura de lojas físicas, próprias e franqueadas.
Hoje em dia, são três lojas: uma em Recife e duas em São Paulo, a última delas inaugurada no fim do ano passado.
Os espaços servem para o cliente ver de perto as peças, experimentar as texturas e, caso necessário, fazer algum ajuste antes da compra.
“Pode até parecer um contrassenso investirmos em espaço físico já que somos nativos digitais, mas estes espaços de experiência melhoram a experiência do cliente”, diz o sócio-fundador Matheus Ximenes Pinho.
A expectativa até o fim de 2024 é pela abertura de mais cinco lojas. Uma delas, a primeira franqueada, será em Recife e deve ser inaugurada oficialmente em outubro.
A segunda aposta é em móveis para escritórios.
Com a pressão de chefes para ver suas equipes de volta ao trabalho presencial, muitas empresas investiram alto em ambientes corporativos sem o jeitão tradicional de ‘firma’.
Dessa maneira, muitas corporações estão investindo numa decoração mais moderninha para seus escritórios para deixar tudo com mais cara de casa.
Nessa toada, estão em alta nas empresas os sofás e tapetes coloridos assinados por designers já acostumados a vender produtos pela Muma.
Em função da nova demanda, a empresa criou um time de especialistas só para vendas a grandes empresas.
Quem são os sócios
Na lista de clientes estão nomes como o banco Itaú, a gigante do streaming Netflix e a mineradora Vale.
“Atualmente, 20% das nossas vendas já são do segmento de móveis corporativos”, diz Pinho.
Arquiteto de formação, ele é também CEO e principal curador dos artigos vendidos na Muma.
A ideia de criar a Muma veio após algum tempo de trabalho no atendimento a clientes do Enjoei — ele foi o primeiro funcionário contratado do e-commerce de economia circular.
“Vi ali como fazer uma boa curadoria dos produtos é importante na hora de uma venda online”, diz ele.
Os outros sócios são Diego Ortiz, marido de Pinho e responsável pela tecnologia do site, e Carolina Lumack, amiga de infância de Pinho e executiva de operações da empresa.
Fonte: exame