Motoristas de Uber e 99 podem cobrar mais para ligar o ar-condicionado do carro? Empresas respondem


Está aumentando os casos nas redes sociais de reclamações quanto a cobrança adicional que motoristas de aplicativo estão praticando para ligar o ar-condicionado. Com temperaturas chegando aos 40 graus nas últimas semanas, a prática gerou revolta na internet. Autoesporte entrou em contato com Uber e 99 para saber se a medida é legal, mas as empresas deram respostas opostas.

Entenda a polêmica

No caso do veículo da imagem que abre essa reportagem, o motorista pede R$ 2 de “caixinha” para ligar o ar-condicionado e entregar mais conforto ao passageiro. Mas há outras reclamações com cobranças de R$ 1 e até R$ 5. A exigência dos condutores associados aos aplicativos se dá por causa do gasto extra pelo uso do ar.

Na maioria dos casos a cobrança é indireta com uma plaquinha virada para o banco traseiro constando o valor e o número do pix, em que deve ser enviado a taxa. A ideia dividiu opiniões, já que uns entendem que o ar-condicionado já está incluso na corrida, enquanto outros defendem os motoristas sobre a redução do lucro no trabalho.

Em algumas corridas o motorista simplesmente se nega a ligar o sistema, como aconteceu com André Paixão, editor de conteúdo da Autoesporte, nesta semana.

“Pedi um Uber X no aeroporto de Congonhas para minha casa, uma viagem de cerca de 40 minutos que custou em torno de R$ 65. Quando o carro chegou, todos os vidros estavam abertos. Eram 20h15 e fazia 30 graus. Assim que pedi ao motorista para ligar o ar-condicionado, ele perguntou qual era a categoria que havia solicitado. Disse que era Uber Vip. Ele então afirmou que só ligaria o ar-condicionado se fosse Confort ou acima. Depois, disse que o veículo sequer dispunha do recurso. O carro em questão era um Nissan V-Drive que, sim, contava com o dispositivo. Confrontei o motorista sobre a mentira, mas ele afirmou que não iria ligar o ar-condicionado”, relata Paixão.

As empresas de aplicativos se esquivam do caso. A Uber, por exemplo, emitiu uma nota à nossa reportagem afirmando que o uso do ar-condicionado deve ser combinado entre motorista e passageiro, e que não há obrigatoriedade do uso do sistema. Entretanto, reforça que cobranças efetuadas fora da plataforma violam o código da empresa.

A 99 concorda. “A utilização ou não do ar-condicionado deve ser combinada entre motorista parceiro e passageiro para que a viagem ocorra de forma confortável para ambos”, diz a nota da empresa.

Que conclui afirmando que “o bom senso, respeito, empatia e gentileza são fundamentais para que a experiência do passageiro e do motorista parceiro seja a melhor possível. Após a viagem, tanto os condutores quanto passageiros são incentivados a avaliar suas corridas, podendo registrar eventuais ocorrências.” E indica o Guia da Comunidade 99 para mais informações.

Diferente do que fez a Uber ao citar que não é permitida cobrança extra durante a viagem, proibindo a caixinha do ar-condicionado, a 99 não declarou no comunicado a autorização ou proibição dessa ação. No entanto, em uma nota emitida no ano passado, o aplicativo informou que “o passageiro não deve aceitar nenhum tipo de cobrança além da que está sendo mostrada pelo aplicativo” durante a viagem, proibindo a prática também.

Autoesporte reforça que o passageiro não deve aceitar nenhum tipo de cobrança além da que está sendo mostrada pelo aplicativo.

A resposta é: sim. A Autoesporte fez um teste exclusivamente para entender o comportamento do veículo nessas condições. Para isso, foi usado um Chevrolet Onix Plus, que é um dos carros mais econômicos vendidos no Brasil atualmente.

Durante os testes, o sedã compacto fez três voltas idênticas em pista, sem intervenções, adotando a velocidade constante de 100 km/h. Na primeira delas, o modelo rodou com vidros fechados e ar-condicionado desligado. O resultado foi um consumo de 18,6 km/l.

A segunda volta foi com a janela aberta, mantendo o ar desligado, e o consumo piorou. O Onix Plus rodou 18 km/l, sendo 0,6 km/l mais beberrão e dando um gasto de R$ 0,76. Já com o ar-condicionado ligado, o consumo foi de 17,4 km/l.

Nesse caso, a comparação deve ser feita entre o veículo rodando com janela aberta e com ar-condicionado. Considerando um trajeto de 100 km, o motorista poupa R$ 1,51 trocando o sistema de refrigeração por cabelos ao vento.

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Fonte: direitonews

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