‘Arrocho’ do Fed e cautela do BC ‘alimentam’ altas de juros futuros


A combinação de fatores, como a perspectiva de mais ‘arrocho’ monetário por parte do Federal Reserve (Fed), o bc ianque (neste e no próximo ano), com a postura ‘cautelosa’ adotada pelo Banco Central (BC) tupiniquim no que toca ao ritmo de cortes futuros da Selic – alimentou o viés de alta firme dos juros futuros na sessão desta quinta-feira (21).

‘Turbinada’, no front externo, pelo avanço das taxas de retorno dos Treasuries (papéis do Tesouro dos EUA) e do dólar, a ‘ponta curta’ apresentou menor crescimento que a longa, sob influência, no front interno, da decisão do Tesouro Nacional, que resolveu oferecer lotes menores no leilão de prefixados.

Enquanto a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 avançou de 10,48%, no ajuste da véspera, para 10,56%, o DI para janeiro de 2027 cresceu de 10,39% para 10,55%; e o DI para janeiro de 2029 passou de 10,93% para 11,10%.

Sem o predomínio do chamado ‘efeito Fed’, o tom mais duro (hawkish) demonstrado pelo BC – ao sinalizar que não pretende ampliar o ritmo dos cortes da Selic – poderia ter derrubado o ímpeto  altista dos juros futuros.

A expectativa de uma redução mais expressiva da taxa básica de juros teria como fonte a trajetória declinante dos índices de inflação, que estimularia a atividade econômica.

Diferente desse entendimento, os membros do Copom conferiram maior destaque à incerteza do ambiente externo, mediante o aumento dos juros de longo prazo nos EUA, como também o esperado crescimento econômico mais ‘acanhado’ da China. No caso brasileiro, o comitê também chamou a atenção para a necessidade de o Executivo atingir as metas fiscais, num recado indireto, tanto ao Ministério da Fazenda, quanto ao Congresso Nacional.

Em nota, economistas da consultoria Genial Investimentos avaliaram que “o Comitê reconhece que a conjuntura atual segue sendo marcada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação que apresentam apenas uma reancoragem parcial”. Os executivos também acrescentaram que “o atual cenário macroeconômico demanda serenidade e moderação na condução da política monetária, reforçando a necessidade de perseverar em nível contracionista até que se consolidem o processo de desinflação e a ancoragem das expectativas”.

Já o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, avalia que o impacto na precificação de Selic nos DIs foi pequeno. “A chance de corte de 75 pontos está entre 10% e 20% nas próximas duas reuniões. Não está muito diferente de ontem. Para o fim do ano, ontem estava entre 11,50% e 11,75% e hoje está mais para 11,75%”, concluiu.

Fonte: capitalist

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