Nesta quinta-feira (8), o Congresso Nacional realizou uma sessão solene para marcar os 200 anos da Independência do Brasil. A ex-presidente Dilma Rousseff (PT), uma das convidadas, não esteve presente, mas enviou uma carta, em que faz duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro, que também não esteve no evento. Segundo a petista, o mandatário sequestrou a data histórica em “desafortunadamente” em “benefício de sua própria candidatura eleitoral”.
Eis a carta enviada pela petista ao Senado Federal:
Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado,
Quero pedir desculpas por não poder comparecer ao evento neste 8 de Setembro, por ocasião da solenidade em comemoração aos 200 anos da Independência do Brasil, que o Senado gentilmente me convidou. Compromissos prévios me impedem de deslocar-me a Brasília, e sinto-me compelida a deixar uma mensagem a esta importante Casa da República.
O Feriado Nacional de 7 de Setembro é uma data de orgulho e celebração histórica do nosso povo e a formação da nossa Nação. Este ano, as comemorações tiveram uma característica única, que marca de maneira indelével e vergonhosa o calendário.
Desafortunadamente, o Brasil assistiu ao chefe de Estado sequestrar a data histórica que é de todo o povo em benefício de sua própria candidatura eleitoral, desafiando as leis e ignorando o rito sagrado da função institucional de quem está no comando do País.
É grave o que assistimos ontem. Uma afronta à democracia, um desrespeito aos brasileiros. Mas, ainda é pior.
A Autoridade Máxima da Nação fez isso de maneira desabrida e sem compromisso com o Estado Democrático de Direito, que jurou honrar e respeitar ao ser empossado presidente da República.
Que as autoridades institucionais reajam a mais essa afronta do Presidente da República, que continua a golpear diuturnamente o Judiciário e o Legislativo, em nome de um projeto de poder autoritário e profundamente desvinculado dos anseios do nosso povo.
Que a sociedade acorde e reaja antes que o império do arbítrio recaia sobre o Brasil e faça terra arrasada do estado democrático de direito.
Que o Senado da República, que já foi palco de grandes momentos, mas também de atos de injustiça, alguns bem recentes em nossa história, desta vez permaneça atento e não nos falte neste momento decisivo, quando entramos na reta final da campanha eleitoral que culminará na eleição geral de 2 de outubro de 2022.
Dilma Rousseff
Ex-presidenta da República