Em nove dos últimos dez anos, os planos de saúde detêm a liderança absoluta de reclamações no país, segundo levantamento divulgado, nesta quinta-feira (14), pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), ao apontar, como os problemas mais recorrentes, dúvidas sobre os contratos, informações insuficientes e aplicação arbitrária de reajustes.
No rol de queixas coletado pela entidade, também se inserem casos de descredenciamento sem comunicação prévia, dificuldades contumazes para marcação de uma simples consulta ou para agendamento de exames. Atualmente, o país conta com 50 milhões de beneficiários de planos de assistência médica.
Além da incontestável ineficiência do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) e ouvidoria, determinada por lei, há a constatação de que, dificilmente, problemas do setor são resolvidos por contato direto com as operadoras de planos de saúde.
“Aumenta muito rápido. De repente, dão dois aumentos ao mesmo tempo, tanto pela idade, quanto pelo aumento anual”, critica a comerciante Evani Aparecida da Rocha, enquanto que para a analista de sistemas Elisabete Alexandre, o problema é o preço. “Mesmo se faz plano individual ou familiar, ou coletivo, o preço é bem salgado. É difícil manter”, admitiu.
O técnico em segurança do trabalho Mateus Duarte, por sua vez, revela que. “mesmo deixando e-mail, eles nunca fazem uma devolutiva, o que seria importante para a gente entender também quais são os trâmites internos deles. Você liga para o SAC, morre e ninguém sabe o que aconteceu”.
Ante à avalanche de reclamações nos tratamentos dos clientes (são planos pagos, nada de graça), a recomendação do Idec é no sentido de que, se o contato direto não resolver o problema, os consumidores devem procurar os órgãos de defesa e, em último caso, a Justiça.
No entendimento da advogada do Programa de Saúde do Idec, Marina Paullelli, “o que se espera do mercado em geral é que ele leve em consideração o que determina a lei para resolução dos problemas, e, para os contratos de planos de saúde, existem duas leis que se aplicam: a dos planos de saúde, que é de 98, e o Código de Defesa do Consumidor [CDC]”,
A ‘grita’ dos usuários contra as operadoras, porém, é reforçada pelos hospitais privados. Pesquisa da Associação Nacional de Hospitais Privados atesta que os planos de saúde devem mais de R$ 2,3 bilhões aos 48 hospitais associados à entidade, cifra que supera em mais de 15% a receita bruta desses estabelecimentos. Além disso, a associação informa que as operadoras dos planos buscam, de forma crescente, aumentar cada vez mais os prazos de pagamento dos procedimentos realizados.
De acordo a Agência Nacional de Saúde (ANS), reguladora do setor, o teto dos reajustes anuais não pode superar 9,63%, mas esse percentual é válido apenas para planos individuais. No caso de beneficiários de planos coletivos, tais reajustes podem variar de 20% a 30%.
Por seu turno, a Associação Brasileira dos Planos de Saúde revela que as operadoras têm realizado análises mais profundas, ante o grande número de fraudes, cujo prejuízo operacional seria estimado em mais de R$ 4 bilhões.
Fonte: site Arquitetos da Saúde
Fonte: capitalist