A empresa de armazenamento e logística refrigerada Emergent Cold Latin America assinou o contrato para a aquisição de duas unidades de armazenamento no Rio de Janeiro.
A transação, sem o valor revelado e em fase de conclusão, é a sexta compra em pouco mais de 18 meses e fecha o primeiro ciclo de investimentos da empresa no Brasil, com de 1,2 bilhão de reais em investimentos. Marca também uma nova fase, de consolidação e que deve consumir mais R$ 1,2 bilhão em três anos.
Localizadas em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, as instalações pertenciam ao Rio Bravo Logística, fundo de investimentos gerido pela Rio Bravo e a Tellus, gestora de ativos imobiliários. Os dois armazéns estão em uma área de quase 45.000 metros quadrados, também com pátio exclusivo para caminhões.
Com a movimentação, a empresa já tem entrepostos logísticos em Recife, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Conta ainda com uma frota de 500 caminhões no país.
A Emergent Cold foi criada em 2021, em São Paulo, para atender as empresas da América Latina, tendo o Brasil como principal mercado. Os principais produtos armazenados são proteínas animais, como carnes bovinas, suína e aves.
Com a América Latina ocupando um papel cada vez mais central na cadeia de alimentos global, a empresa pretende consolidar uma malha de logística refrigerada para conectar os países, tanto pelo Atlântico quanto pelo Pacífico.
Qual a estratégia da Emergence para avançar no mercado
A estratégia para chegar lá – e rapidamente – foi investir no crescimento inorgânico. Na região, está presente em mais 10 países e contabiliza outras 12 aquisições.
“As pessoas podem dizer que as nossas aquisições são randômicas por anunciarmos negócios na Guatemala, Peru, mas não são”, David Palfenier, sócio-fundador e presidente da Emergent Cold para a América Latina.
Ex-Pepsico e ex-CEO da Seara, o americano Palfenier criou o negócio ao lado do compatriota Neal Rider, ex-CEO e fundador Agro Merchants Group, empresa que atua no mesmo setor da Emergent com foco em outros países.
“Se você olhar quais são os principais portos de contêiner de temperatura controlado de produtos frescos ou congelados, eu posso dizer que no Chile são 3, no Brasil, 5, no Peru, 2, e no Equador é 1. Então, posso desenhar em quais portos preciso estar para ficar perto de quase 80% de um fluxo de exportação e importação de determinado país”, diz.
Por trás da operação, estão fundos e corporações do mercado logístico.
- O family Office Grupo Losa, da Guatemala
- A empresa Lineage Logistics, uma das líderes globais em soluções refrigeradas
- O fundo americano D1 Capital Partners
- Stonepeak, fundo especializado no mercado imobiliário dos Estados Unidos
Juntos, eles aportaram 80% de todo o capital obtido pela Emergence desde o início do negócio. O restante vem de investidores menores, dos próprios sócios-fundadores e de emissão de dívida. Pelos números do executivo, a soma de todos os recursos fica entre 5 e 6 bilhões de reais.
Como será o novo ciclo de investimentos
A aquisição em andamento no Rio de Janeiro já consome recursos da nova fase de investimento, com orçamento de 1,2 bilhão de reais para ser usado ao longo dos próximos três anos. A empresa tem parte do valor em caixa e a outra deve vir de uma nova rodada de investimentos em andamento.
A Emergence não abre o montante que pretende obter, mas considera a fase como uma rodada série C. Na A, a única em que abriu os valores, a empresa captou US$ 450 milhões em 2021. Se os investidores mantiverem a toada, novas aquisições devem ser anunciadas em breve.
Além disso, os recursos serão destinados a tecnologias para redução de custos, melhora das margens e ganhos em produtividade. “Nós estamos preparando o negócio para o futuro, investindo em inovação e temos conseguido darcum pulo maior. Em alguns casos, temos um crescimento entre 2 e 3 vezes maior que o dono anterior”, afirma.
Com tantas compras em curto espaço de tempo, o desafio é capturar as sinergias do negócio. Segundo Palfenier, o esse cenário já estava previsto e estão ocorrendo investimentos para que toda a área operacional e de armazenagem esteja integrada até o fim de 2024, tanto nacional como regionalmente.
“Isso é uma das coisas que nos permite ter conversas com clientes multinacionais por estarmos mais integrados que o próprio cliente país a país. A nossa ideia, pelo menos nessa parte da logística, é poder poder dar para ele uma frente só”, afirma.
Fonte: exame