A elevação da temperatura entre as superpotências Estados Unidos e China já deixa sequelas no mercado, justamente com um ícone ianque. Poucos dias após a proibição do uso de iPhone por funcionários públicos chineses pelo governo de Pequim, a fabricante Apple já marga a perda de US$ 200 bilhões em valor de mercado, com suas ações despencando 5% em apenas uma semana.
Entre os exemplos do revanchismo comercial mandarim, fontes não identificadas relataram ao jornal britânico Financial Times, que autoridades do país asiático teriam orientado, ao menos, seis funcionários de estatais (em áreas díspares, como nuclear e saúde), para que deixassem de usar telefones da Apple e de outras marcas dos EUA.
Na avaliação da chefe de investimentos da plataforma de investimentos do Reino Unido, Interactive Investor, Victoria Scholar, “Pequim está procurando reduzir sua dependência da tecnologia dos EUA, mas isso (a proibição) funciona como um vento contrário significativo para a Apple, já que a China é seu maior mercado internacional e responde por cerca de 20% de suas receitas”.
Em contraponto, quando questionado sobre a proibição governamental, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, evitou comentar a determinação, se limitando a afirmar que “produtos e serviços de qualquer país são bem-vindos para entrar no mercado chinês, desde que estejam em conformidade com as leis e regulamentações chinesas”.
Na verdade, o episódio marca mais um ‘round’ nas relações crescentemente tensas entre EUA e China, que se intensificaram após a assinatura, pelo presidente ianque Joe Biden, de uma ordem executiva que impõe bloqueios e regulamentações sobre investimentos em alta tecnologia estadunidenses no país oriental, como reflexo do acirramento da concorrência entre as duas maiores economias mundiais.
A investida mais recente de Biden, nesse sentido, é a decisão da Casa Branca de apoiar uma proposta que aumentaria, para US$ 200 bilhões, a capacidade de empréstimo do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) aos países em desenvolvimento, no âmbito da cúpula anual de G20, que ocorre em Nova Delhi. A ideia aqui é consolidar a imagem de que os Estados Unidos e seus aliados ‘são melhores parceiros’ econômicos do que a China.
Fonte: capitalist